Por Fernando Ignez
Cinza
há uma guerra declarada a
plenos pulmões
ouviram o grito os ouvidos
presentes
que agora se afogam na
lama
mas ainda ouvem os motores
a todo vapor
essa máquina de matar
ilusões
joga água no fogo dos
apaixonados
espalha este cheiro de
cana queimada
que penetra tuas narinas
e te faz querer chorar
pela imutabilidade
pela indiferença
que mora no centro da sua
rotina
Felicidade
encontrei a felicidade
enquanto fazia faxina
fui passar a vassoura
atrás da porta
e lá estava ela, escondida
e o que tenho a dizer é
que ela é gasosa
desapareceu tão rápido
como surgiu
durou um segundo na minha
frente
tempo suficiente
pra me lembrar que a vida
é bonita
e se dissolveu no ar
foi e não levou nenhum dos
meus problemas com ela
ainda tive que terminar a
porcaria da faxina
Fernando Ignez é tradutor e revisor de textos. Publicou poemas em revistas como Sucuru, Subversa, Tamarina e O Bule. É autor de Manhãs de Sábado, livro de poesia lançado pela editora Penalux em 2021.