Por Anna Apolinário
Fomos raptados para o interior das imagens que rabisco em meus poemas. Neste momento somos devorados pelos anjos mais cruéis que existem. No olho do turbilhão, caldeirão cromático de sensações, você segura minha mão, me fala bobagens e solta seu sorriso largo e doce, mil olhos nos perfumam com manifestos subversivos.
Somos envoltos por luzes alucinógenas, nos tornamos deuses híbridos, inebriados brincantes em defesa da poesia e do frenesi. Você me beija e tudo desaparece, nossos corpos são levados a mais uma alucinante dimensão secreta. Dos meus sonhos escorre uma saudade lenta, imensa. A chuva nos sussurra canções hipnóticas, nossa pele borbulha, e os anjos dançam enlouquecidos.
Nosso abraço pulsa através do
cosmos, cada uma de nossas memórias agora ilumina o coração do caos. Roubamos o
corolário do delírio.
Anna Apolinário nasceu em João Pessoa-PB em 1986.
Escritora e poeta, mestranda em Letras pela UFPB, pedagoga e produtora cultural
independente, organizadora do Sarau Selváticas, fundadora da Cia Quimera –
Teatro e Poesia, publicou os livros Solfejo de Eros (CBJE, 2010), Mistrais
( Prêmio Literário Augusto dos Anjos, Funesc 2014), Zarabatana (
Patuá, 2016), A chave selvagem do sonho (Triluna, 2020). Instagram:
@palavradepandora Contato: apolinariopoesia@gmail.com