23 de dez. de 2022

'Fábrica de cadáveres - do forno ao moedor', de Fabio da Silva Barbosa

 

"Se você acha que ficou bom, devia ter visto 
como estava na minha cabeça".
(Fabio da Silva Barbosa)


Com essa citação, Fabio da Silva Barbosa abre seu livro Fábrica de Cadáveres - Do forno ao moedor, que saiu pela Editora Merda na Mão, editora que ele ajudou a criar. Trata-se de uma edição pocket.
Fábrica de Cadáveres - Do Forno ao Moedor é uma coletânea de textos, contos, microcontos que nos traz o olhar de um cronista da realidade que muitos evitam enxergar. Não há como sair ileso dos escritos apresentados. 

Não foi concebido para ser livro premiado. Sua essência não recebeu os adornos acadêmicos necessários para transformá-lo numa alegoria fantasiosa, superficial e palatável. Suas personagens quase sempre não possuem nome, talvez pelo fato desses atores do dia a dia dos grandes centros urbanos, aqui representados, estarem espalhados por aí, de norte a sul do país, como completos fantasmas e, no máximo, se transformam em números de uma estatística cruel. 

Não tem como não ser tocado pelos personagens dos textos do Fabio, pois eles são reais. Quem nunca cruzou com alguém que pede um trocado em uma parada de ônibus e escuta: "por que não vai arrumar trabalho?" Quem nunca cruzou com essas almas penadas que dançam por entre os carros em um balé surreal? Quem nunca ficou sabendo de alguém entregue ao tráfico de drogas que se emocionou com o filho que nasceu e prometeu largar a contravenção? 

Fábrica de Cadáveres é uma viagem a um Brasil profundo (que cada vez é menos profundo, diga-se de passagem), um Brasil que está em cada esquina, em cada beco desde a grande cidade até a pequena, que alguns insistem em não ver, mas que graças a escritores como Fabio da Silva Barbosa ganham o registro que merece: forte, autêntico e imperdível. 


Últimos exemplares disponíveis diretamente com o autor pelo e-mail fsb1975@yahoo.com.br