Por Sinvaldo Júnior
Perdição, de Luiz Vilela – sim, Vilela é mais conhecido por seus contos. No entanto, neste romance, ele pratica a mesma prosa enxuta, direta, fluída e a mesma estratégia: construir o enredo a partir dos diálogos, sobretudo. Adicionalmente, cria personagens que, por não fazerem média com o leitor (como o narrador, por exemplo), são muito mais verossímeis do que a maioria dos personagens de umas obras por aí...
Necrológio, de Victor Giudice – é um livro de contos desconcertante (ainda hoje,
em 2022...), experimental (ainda hoje, em 2022...) e criativíssimo. Saturado de
recursos pouco tradicionais em uma narrativa (como início de parágrafo com
minúscula; término de parágrafo sem ponto final; falas sem maiúscula no início
e sem ponto final, ora com espaços vazios após o travessão; uso de barra para
indicar pausa entre ideias; palavras escritas pela metade para indicar
interrupções; etc. etc. etc.) e de neologismos, essa obra contém dois contos
atualíssimos, em época de urberização do trabalho: “In perpetuum” e “O arquivo”,
em que Debi Mediocriz e joão se defrontam como uma vida reduzida a um
automatismo perturbador. (Re)descubram-no!
Sinvaldo Júnior
é professor de ensino médio, pesquisador acadêmico e revisor de textos (Textifique
Soluções em Textos). Publicou diversas
resenhas, artigos de opinião e artigos acadêmicos sobre leitura e literatura,
com foco em obras e autores brasileiros. É admirador de Carlos
Drummond de Andrade, Campos de Carvalho e
José Saramago. Mora em Uberlândia-MG.