"A boca abre e fecha, fala
e cala, abre as cortinas, anuncia e encerra. Por ela, sussurramos aquilo que com muita dificuldade não gritamos e
urramos aquilo que se espalha pelas
veias e cerra os punhos (e os olhos) em lágrimas vermelhas.
O mundo que acessamos pela boca, embora
muito não tenha gosto, todos sabemos o sabor que tem.
Entre o azedo e o doce da saudade, o sal
do mar, da pele, das lágrimas, o doce do cafuné, do enjoativo, daquilo que engolimos a contragosto.Teimosia e memória é sobre tudo aquilo que
degustamos (e desgostamos) em um
mar de tons, toques, carícias e carências. Salgar o feijão, entornar o leite e adoçar o café. Os medos e as medidas.
Afinal, o homem é o único ser vivo que permanece no sol mesmo
quando o couro queima.
Aqui experimentamos o gosto da vida por meio das palavras, como quando sentimos o sabor pelas pontas dos dedos. Daquilo que feito pimenta faz a gente lembrar que o sangue corre (e escorre). É um lembrete de que a vida é movida pelo fogo, não ganha quem apaga, ganha quem se esquenta."
Por Heloiza Dias, escritora, artista multimídia e redatora
Link para compra: https://editoraurutau.com/titulo/teimosia-e-memoria
Marina Schneider,
brasileira, oriunda do Rio Grande do Sul. É roteirista, escritora, criadora audiovisual e uma adepta passional da poesia
que toca a imagem, que toca o vídeo, que toca o movimento corporal de quem se
expressa.
Imigrante em Portugal
desde 2017, concluiu seus estudos em cinema na
Universidade da Beira-Interior e especializou-se em Roteiro
Cinematográfico na Escuela TAI,
Escola Universitária de Artes, em Madri. Lá desenvolveu técnica e sentimento pela escrita cinematográfica, sua principal área de atuação.
Atualmente reside no
interior de Portugal, trabalhando com realização de cinema e teatro na ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes.
Seu trabalho de maior destaque é Eguncio, roteiro de longa- metragem premiado pelo Festival de
Roteiro de Língua Portuguesa GUIÕES em 2021.
Teimosia e memória, publicado pela Editora Urutau em 2021, é seu primeiro livro. Trata-se de uma compilação de segredos, gritos e sussurros, notas de rodapés e listas de supermercado que se juntaram ao longo dos anos e transformaram-se em páginas. Por meio da escrita, Marina aborda, de uma maneira poética, o cotidiano, a identidade, as relações e o afeto que surge do colapso entre os três primeiros.
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