14 de nov. de 2020

‘O Grande Gatsby’ e a maléfica abastança dos loucos anos 1920


Por Iasmim Assunção

Os anos 1920 é uma década famosa por sua prosperidade e liberdade, pelo entusiasmo das pessoas com a vida noturna, pelo jazz, pela dança Charleston. As mulheres começaram a ter mais liberdade na moda, passando maquiagem, contornando os lábios para se parecerem com um arco de cupido. Elas também usavam vestidos mais curtos, mais leves, de seda. Além disso, a Chanel, uma empresa especializada em alta costura, bens de luxo e acessórios de moda se instalou nos Estados Unidos. As pessoas frequentavam os cinematógrafos, que exibiam filmes de Hollywood. É claro que essa é a parte elegante dos loucos anos 20 do século XX, mas ainda existiam assassinos em série e a Ku Klux Klan (KKK). 

Em O Grande Gatsby, temos toda a riqueza dos anos 1920 para preencher o vazio que a guerra deixou. O livro é narrado por Nick Carraway, que se muda para Nova Iorque para tentar a sorte em Wall Street. Nick passa a conviver com sua prima Daisy, que faz parte da aristocracia junto com seu marido.

Ao lado da simples casa de Nick vive o misterioso Jay Gatsby, famoso por suas festas em sua mansão. Os rumores sobre ele correm soltos. Jay é um personagem bastante intenso e complexo, mas conhece suas raízes e de onde veio. Alguns dos moradores de Nova Iorque dizem que nunca viram Gatsby, nem mesmo nas festividades em sua própria casa, por isso ele não existe. Outros dizem que Gatsby era um militar; outros, que ele era um assassino ou descendente de alemães, mas nunca a verdade foi revelada sobre Gatsby e sua fortuna.

Até que Nick recebe um convite escrito à mão por Jay o convidando para uma de suas festas, pois este estava sozinho e cercado por pessoas fúteis. Com o tempo, Nick vai conhecendo cada vez mais Jay Gatsby e deixando de acreditar nos mitos sobre ele, o que o leva a descobrir que Gatsby é apaixonado por Daisy. Assim, por meio de Nick, o reencontro entre Gatsby e Daisy gera uma série de consequências, principalmente porque Daisy é casada.

O marido dela, Tom, é um dos piores personagens, pois é preconceituoso, agressivo e arrogante, mas Daisy também não é tão boa assim. Ela é vazia e mimada, e não quis Gatsby quando ele não tinha dinheiro. Daisy também tem uma filha com o marido, e esse pode ser um dos motivos pelo qual nunca deixaria Tom, já que é uma opção segura. E fica claro ao decorrer da história: ela não vai escolher Gatsby.

O romance deixa claro as loucuras que um pode fazer por amor, por isso é um livro tão trágico. O autor, por meio do romance de Gatsby e Daisy, critica a riqueza, as festas, os interesses por causa do status de uma pessoa. Além de Daisy, Gatsby também não sabe amar. Ele conseguiu todo aquele dinheiro com um único objetivo, e é assim que tenta reconquistar sua amada com os meios errados.

É curioso que Nick, mesmo sendo o narrador, não é o protagonista. Ele é adorável, mas é apenas um observador. A história contada sobre Nick é apenas a que ele desejava trabalhar na grande cidade da maçã, porque era alguém sem nada que o elevasse na sociedade em que vive. Porém, o rico estilo de vida do amigo acaba afetando-o. Nick cria uma obsessão sobre a figura de Gatsby e precisa concluir a trama de Jay e sua prima.

O romance foi publicado por F. Scott Fitzgerald em 1925 com a intenção de criticar o “sonho americano” e o caos surgido após a Primeira Guerra Mundial. O “sonho americano” é uma expressão usada para representar o alcance do sucesso absoluto, mas apenas para os moradores do país. Isso acontece porque eram os Estados Unidos quem abasteciam o resto do mundo em tempos de guerra, pois estavam aumentando sua produção e se preocupavam com uma revolução proletária na Europa. No entanto, no ano de 1925 houve uma crise de superprodução: a economia europeia tinha se reerguido e concorria com os Estados Unidos, que tinham os estoques cheios. Assim, em 1929, essa prosperidade dos anos 1920 chegou ao fim com uma crise no sistema capitalista e um fantasma de depressão assombrava o povo americano.

Além do livro, há uma adaptação cinematográfica de O Grande Gatsby. O filme é estrelado por Leonardo DiCaprio e por Tobey Maguire. O cenário, os atores, as locações e os figurinos são simplesmente perfeitos, e a trilha sonora leva músicas atuais para os anos 1920.


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