11 de ago. de 2020

A família mais fértil da alta sociedade

Por Iasmim Assunção


Os Bridgertons é uma saga literária do gênero romance histórico, publicado no dia 5 de janeiro de 2000. Porém, só chegou ao Brasil em 2013. Julia Quinn, a autora, é um pseudônimo de Julie Pottinger, que começou a escrever depois de terminar a faculdade e nunca mais parou, tendo seus romances publicados em mais de 29 países e mais de 10 milhões de exemplares vendidos. Curiosamente nomeados em ordem alfabética, a coleção conta a história de oito irmãos, do Anthony à Hyacinth.

No primeiro livro, O duque e eu, temos a história da quarta irmã Bridgerton, a Daphne, e do libertino Simon Basset. Simon, Duque de Hastings, é rico, irresistível e alvo principal das mamães casamenteiras, agora que acabou de voltar a Londres depois de anos viajando pelo mundo.  Daphne é uma menina alegre e bem-humorada, mas possui uma beleza normal para os padrões da época, com os cabelos castanhos fartos, os olhos grandes e escuros e a boca larga, sendo considerada apenas uma amiga para os homens que possuem potencial para ser bons maridos. Daphne esperava muito do matrimônio, e não queria ser obrigada a se casar com um cavalheiro nada adequado que pediu sua mão. Mas estava feliz porque seu irmão mais velho, o Visconde Anthony Bridgerton, não a obrigaria a tomar tal decisão.

O Duque possui uma relação conturbada com o pai, que o achava um grande idiota por não ter conseguido falar até os quatro anos, e quando aprendeu, não parava de gaguejar. Depois da morte do pai, Simon prometeu a si mesmo não se casar e ter filhos, levando o título de Duque, tão importante para o pai, para o caixão com ele. Convidado a ir a um baile por Lady Danbury, Simon, o libertino que não se importava com eventos sociais, se vê obrigado a ir por adorar Lady Danbury, uma senhora que fala o que pensa e é ovacionada pelos leitores quando conhecemo-la melhor nos próximos livros.

O Duque pretende cumprimentar Lady Danbury e ir embora, mas se surpreende ao chegar e se ver alvo das mamães, que estão à caça de maridos para suas filhas. Para fugir das conversas em que estava preso no salão de baile, Simon encontra Daphne em outro local da casa conversando com seu único pretendente, Nigel Berbrooke. Nigel tenta por anos pedir a mão de Daphne, mas ela sempre o recusa. Não que havia algo de errado com ele, era só que Nigel não tinha um cérebro. Ao ouvir a conversa de Daphne com o bêbado Nigel, Simon pensa em salvá-la, mas percebe que ela não precisa de tal ajuda pois lida muito bem com a situação. Assim que a vê, o Duque perde o fôlego por uma razão desconhecida, já que “seu rosto em formato de coração não estava nos padrões da sociedade”.    

Depois de uma calorosa conversa e uma dança no salão do baile, Simon tem uma ideia. Assim, para afastar as mamães casamenteiras, o Duque finge cortejar Daphne Bridgerton, e os homens, que antes a consideravam uma boa amiga, passaram a notá-la. Porém, com este pequeno acordo entre os dois, entra em cena um grande problema: o melhor amigo de Simon é o Visconde Anthony Bridgerton, e ele não devia em nenhum momento se “deixar levar” e comprometer de verdade a irmã do melhor amigo. O acordo entre Simon e Daphne está à prova em todo momento, principalmente quando Simon tem de lidar com Anthony, Benedict e Colin, todos irmãos mais velhos muito ciumentos.

Além do mais, Daphne deve lutar contra o próprio coração e não se apaixonar pelo Duque de Hastings, um dos libertinos mais cobiçados de Londres. Para Violet Bridgerton, a matriarca da família: “Libertinos arrependidos dão os melhores maridos.”

Não posso deixar de mencionar a infame Lady Whistledown, uma colunista que publica em seu jornal comentários, notícias sociais, insultos mordazes e elogios ocasionais à alta sociedade, que tanto ama odiar a misteriosa Whistledown. A história é contada por um narrador observador, em terceira pessoa, e nos mostra o ponto de vista dos dois protagonistas. A linguagem não é difícil, apesar de ser um romance de época, pois o público, em geral, é de jovens e adolescentes. Todos os capítulos se iniciam com um trecho do jornal de Lady Whistledown, e a revelação de sua identidade é absolutamente proibida no fandom, que, aliás, chama carinhosamente Os Bridgertons de Os Brigadeiros. 

Neste primeiro livro, vemos o amor de Simon e Daphne crescer em meio a dificuldades e cenas polêmicas. Conhecemos cada um dos irmãos Bridgertons superficialmente, só para nos apaixonarmos mais por eles quando lermos suas histórias nos próximos livros. Toda a série rende muitas risadas e lágrimas, e o humor dos livros sempre envolve o leitor; sem contar que os famosos “agregados”, pares românticos dos Bridgertons, são tão adoráveis quanto essa família, que não deixa de demonstrar o amor que sente um pelo outro.

A coleção Os Bridgertons realmente me surpreendeu, pois não achei que iria gostar de histórias de época tanto assim, já que a mentalidade da sociedade em 1800 era totalmente diferente. O simples fato de as mulheres não serem apresentadas como fracas me impressionou. Kate Sheffield, também protagonista do livro de Anthony Bridgerton (o segundo da série), por exemplo, possui a língua afiada, gosta de desafiar o Visconde e não tem medo de demonstrar suas opiniões, o que a fez conquistar o público de cara. Da série, meu livro preferido é o terceiro, Um perfeito cavalheiro.  

Em 2018, foi anunciado a adaptação da coleção deste romance de época pela Netflix e produzida pela ShondaLand, o elenco principal sendo constituído por Jonathan Bailey como o Visconde Anthony Bridgerton, Phoebe Dynevor como a divertida Daphne, Regé-Jean Page como o libertino Simon Basset, Luke Thompson como o perfeito cavalheiro Benedict Bridgerton, Luke Newton como Colin Bridgerton e ninguém menos que Julie Andrews como a infame Lady Whistledown, narrando a série.

O lançamento da série está programado para o final de 2020, e a primeira temporada será constituída de oito episódios com 1 hora cada. Há rumores de que a segunda temporada já foi confirmada, porque o sucesso dessa família mais fértil da alta sociedade foi certeiro na literatura e provavelmente será nas telonas. 


Livros podem ser enviados a’O Bule! a fim de serem resenhados. Caso se interesse, entre em contato: coisasprobule@gmail.com