Por
Iasmim Assunção
Rei
de Palha, título traduzido do inglês The Wicker King, foi publicado no
Brasil pela editora Plataforma21, em maio de 2018. K. Ancrum, a autora do livro, cresceu em
Chicago, nos Estados Unidos, e “passou noites realizando experimentos
literários e passeando com sujeitos desagradáveis, como estudantes de poesia”. Kayla
é conhecida apenas por Rei de Palha, um livro que mistura romance
contemporâneo, thrillers de crime, mistério e suspense.
O romance
conta a história de dois adolescentes do ensino médio, mas August Bateman e
Jack Rossi não são normais. August
é um adolescente piromaníaco, pois ele necessita do calmo incendiar para parar
de tremer (há uma cena que mostra claramente August em meio a um ataque de
pânico na escola e sendo punido por queimar livros no estacionamento), e ele
queimaria por Jack. A amizade dois dos nasceu na infância, mas eram diferentes
em níveis estratosféricos no sistema de popularidade do ensino médio estadunidense,
por isso, ninguém sabia que se conheciam melhor do que qualquer um conhece
qualquer um.
Jack
estava ficando louco. Completamente. Ele era a estrela do time de rúgbi
no colégio, e tinha o lance de cabelo claro/olhos cinzas que deixavam todos
malucos. Era forte e musculoso, e gostava de colecionar, consertar e criar
pequenas máquinas e esculturas. Para August, sua palavra era praticamente lei.
Até começar a ter alucinações vívidas de um mundo fantástico que criou com
August quando criança: os garotos corriam no campo, na floresta e no riacho,
fugindo e lutando contra monstros imaginários em uma brincadeira chamada os
Dois Reis, onde Jack era o Rei de Palha e August, o Rei de Madeira.
Os dois
não tinham ninguém além de si mesmos. Os pais de Jack sempre estavam viajando e
a mãe de August sofria de uma Grande Tristeza Desmedida; August vendia drogas
para sustentar sua casa e, às vezes, tentava afugentar o pensamento de que sua mãe
havia ficado doente como uma preparação para ele cuidar de Jack sempre que
precisasse. Havia uma parte de Jack reservada para August, uma versão
assustadora, exigente, que usava da força para levar August aonde quisesse.
Em uma
trajetória sombria, lutando pela própria sanidade contra os monstros pavorosos de
uma vila medieval que ninguém mais enxerga, Jack acha que as alucinações
acabarão quando ele completar o jogo que começou com a brincadeira dos Dois
Reis e salvar o povo do malvado Rei Fendido e seus monstros. O povoado confia
no Rei de Palha, Jack, para destruir o Extasiante Azul, uma pedra que pode dar
o poder que o Rei Fendido precisa.
(K. Ancrum, a autora)
Jack
Rossi se recusa a contar a alguém, e acha que August não entende porque não está
acontecendo com ele. August Bateman crê que deve tudo a Jack, por ter salvado
sua vida anos antes quando August se afogou no riacho, e, por isso, sente tudo
que o Jack sente. August procura respostas, fica sem dormir, não consegue
comer, e também está maluco. Ele gosta de ser dependente psicologicamente de
Jack.
O livro
aborda temas como pânico, depressão; expõe diálogos verdadeiros e narrações profundas
na terceira pessoa, em capítulos curtos, de até, no máximo, duas páginas. Rei
de Palha aponta famílias desestruturadas e ausentes e como os dois rapazes devem
lidar com seus problemas sozinhos, já que poucas pessoas parecem se importar e
algumas, mesmo convivendo com os meninos, não notam/percebem que algo está
errado. August e Jack são interdependentes, eles são obcecados um com o outro
por não terem um suporte e não se sentirem seguros. Eles se acostumaram com o
caos.
Jovens
que crescem sem serem ouvidos, em lares e relações destrutivas, e não têm em
quem se apoiar; adolescentes sem ideia do que fazer com a vida, que se sentem
perdidos e fracassados. Citando K. Ancrum, eles não estão falhando, alguém
falhou com eles. As pessoas que escolhem não interferir, as pessoas que
julgam, o governo que não oferece sistemas de apoio, todos – é disso que
a obra trata.
O livro
deixa claro a crueldade da vida: nossos corpos são capazes de aguentar um número
finito de estresse antes de entrar em crise. Mas, como Jack e August, temos que
tentar fazer o nosso melhor, lutar por nós mesmos, pedir ajuda e alcançar o
crescimento e um local de paz e bem-estar.
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