31 de jul. de 2020

Editorial Agosto/2020

Por Rogers Silva

Após uns bons anos fora do ar, O Bule voltou. E – pasmem! – já duramos um mês: um mês de muita literatura, com os contos de Daniel Lopes e Ricardo Novais; as micronarrativas de Adrianna Alberti e Cláudio C. Bastos; os poemas de Milton Rezende; o folhetim de Marcia Barbieri; as crônicas de Glenio Cabral; a resenha de Iasmim Assunção; as ilustrações de Lívia Teodoro; os dois módulos da web-oficina de Rogers Silva; uma entrevista com o escritor João Anzanello Carrascoza; os artigos de opinião que, escritos por Allyne Fiorentino e Sinvaldo Júnior, foram muito discutidos nas redes sociais. E mais: dois sorteios; quase 250 seguidores em nosso novíssimo Instagram; centenas de posts, compartilhamentos e interações no Twitter; mais de 9000 engajamentos, 53 mil pessoas alcançadas e 520 novos seguidores no Facebook. Ah, e lançamos nosso primeiro curso: A arte de escrever narrativas, elaborado por Rogers Silva. 

Para este mês, além do mais do mesmo (os mesmos colunistas, mas com textos diferentes), teremos novidades: uma entrevista com o escritor Bernardo Ajzenberg, autor de Carreiras cortadas (romance), Efeito suspensório (romance), Homens com mulheres (contos) e ganhador de vários prêmios, entre eles o Prêmio Casa de las Américas e o Prêmio de Ficção da Academia Brasileira de Letras; mais dois módulos da web-oficina A arte de escrever narrativas; mais um sorteio de livro; textos de mais colaboradores; o lançamento da nossa Loja, com obras dos colunistas, e da campanha de Apadrinhamento. Conhece Julia Quinn? É uma das autoras cuja obra será resenhada este mês.

Estamos no final de julho. Hoje, dia 31, somam-se mais de 91 mil pessoas que morreram de Covid-19 no Brasil, o segundo país em número de mortos. Este não é um tempo de comemorações, mas é tempo de resiliência e de reflexões. De olhar para a casa, os projetos, a vida e jogar tudo aquilo que não é essencial fora, longe. A literatura (os vários projetos ressuscitados ou criados por aí não me deixam mentir) – a literatura mostrou-se extremamente essencial durante essa pandemia. É, ao mesmo tempo, um meio de fuga de um mundo sombrio e um meio de viver uma vida que, na vida real, nem todos suportariam viver. Mas alguns têm vivido uma vida insuportável, seja porque perderam parentes ou amigos próximos, seja porque não sabem o que vão comer amanhã, seja porque sua mente não consegue suportar o peso da realidade. Ansiedade. Crises. Depressão. Doenças. Mortes. Tomara que tudo isso passe logo.

A literatura expressa, do jeito bem dela, o contexto vigente, e nesta segunda edição não poderia ser diferente: há um escritor desesperado por escrever algo que preste; há donos do silêncio; há ninguéns querendo ser alguéns; há lágrimas de crocodilo; há infectados com seus olhos moribundos e arregalados de terrorhá na rua uma árvore / cuja beleza consiste / apenas em existir e / estar ali, ao vento. Há – como não podia ser diferente – muita, muita literatura. Afinal, é para isto que estamos aqui: escrever, publicar, divulgar essa arte que fica impregnada no papel. E em nós.