Enquanto muitos foram ou estão indo embora, nós estamos voltando. E voltamos em uma época na qual as artes são mais necessárias do que nunca – em um mundo aprisionado, doente, à beira do caos afetivo e psicológico. Nesses sete anos de pausa, cada colunista, cada escritor, cada editor de site parceiro ou blog de literatura seguiu seu caminho. Alguns – heróis – ainda permanecem lutando pela arte literária; outros estão cuidando de sua vida ordinária, mas não menos importante.
Nós decidimos voltar agora, julho de 2020, em plena pandemia de Covid-19. Uma época triste (que não seja, entretanto, de naturalização da tristeza). Até 30 de junho (dia da escrita deste texto), por exemplo, quase 59 mil pessoas morreram por causa do vírus no Brasil. A literatura não trará esses seres humanos de volta. Ela não possui esse poder. A literatura – como as artes em geral – é um alento em um mundo caótico. Ela nos faz esquecer, por um breve momento, da vida ordinária e nos leva a uma vida às vezes mais rica, quase sempre mais interessante. A literatura também nos faz viver dores que no dia a dia não vivemos, ainda bem. Ou nos faz esquecê-las. A literatura é poderosa, e é por isso que ela é pouco divulgada, distribuída, ora combatida. E é por isso que decidimos voltar. Somos dez pessoas (seis mulheres, quatro homens) com um objetivo em comum: criar arte, com foco na arte literária.
Antes éramos um coletivo literário. Agora, além de coletivo, somos uma
E para dar início à nossa primeira edição, tivemos a honra de entrevistar o escritor João Anzanello Carrascoza, cuja prosa poética deixa marcas. “De quais autores canônicos da literatura, nacional e estrangeira, você
A Márcia Barbieri (outra colunista das antigas) publicará n’O Bule, em formato de folhetim, quinzenalmente, seu mais novo romance:
Outro projeto a que damos seguimento é o da web-oficina. Agora, o responsável por ele sou eu, Rogers Silva. Quinzenalmente será publicado um texto (+ imagens, vídeos e atividades) com dicas para escritores iniciantes. Dias 15 e 28 serão os dias de sua publicação. Fique antenado. As micronarrativas ficarão por conta da pesquisadora e escritora Adrianna Alberti; os contos, sob a responsabilidade do escritor Ricardo Novais. Uma novidade é a resenha sobre obras jovem-adultas escrita pela Iasmim Assunção, uma mocinha de 15 anos apaixonada por artes e literatura. Obviamente que não esqueceríamos dos poemas, que sairão das cartolas (muitas) do mineiro Milton Rezende. Esperamos que sua linguagem límpida, altamente comunicativa, lhe agrade, leitor exigente.
E para acompanhar todos esses gêneros, lançaremos muitas campanhas de incentivo à leitura; de parcerias entre pares, como o Literaturas em Redes; de patrocínio e apadrinhamento. Tudo com a intenção de permitir que, tanto nós quanto quem quiser colaborar, tenhamos mais um espaço constante para comer, beber, devorar literatura. O Bule está de volta. Seja bem-vindo.