7 de nov. de 2012

Vestais

Por Daniel Lopes

Antes de a noite cair,
O menino cigano masturbava a Terra
& festejava com seu espírito sensual
A aranha e o fogo.
Seu sexo era flauta doce
Que as mães do musgo gostavam de tocar.
Os cientistas diziam que o Sol não mais dormiria
Que agora ele morreria de vez,
Deixando órfãos os girassóis e a telas do pintor que não foi para Pasárgada nem fugiu para o Taiti.
Antes, pouco antes de a Noite cair.

Sim, eu vi o menino
& o palco escuro onde os atores representavam fantasmas que de fato eram
Sim, eu vi o menino
Cujo nome era Humanidade
& as putas enfeitaram com cometas seus cabelos
& todos os vulcões entraram em erupção em louvor ao espelho que agora partia
Quem dera houvesse um trem!
Um barco!
Uma nave espacial que pudesse rumar para outro lugar, onde houvesse outro Sol e outra família!
Agora o Pai fechava cansado as pálpebras
E a noite caía de vez sobre a Casa apagada
Cujo cio não seria saciado durante toda a eternidade
Em vez de estrondo, não mais que um gemido
“Não é a razão, é o amor que nos faz infinitos”
Disse o menino antes de fazer as pazes com o vazio.