31 de out. de 2025

Trânsito


Por André Siqueira
 
O meu trânsito tem a linguagem
de painéis bem untados a medo,
onde rudos ventos são visagem
e momento-miragem que aceito.
 
A luz pode ser de grande agravo
ou de anafis nas coxas-alarde.
Mergulho de vida no mais caro
ou morte seca e simples a braille.
 
A certeza: pura contingência
na cova acima do nosso cérebro
sagitífero e vê diligência
cuspidora de rodas no metro.
 
Semáforos pingam melodias
coçadas pelo som sextavado
— arranco de incertezas são gritas
como anil que escoa açor pneumático.
 
E se retarda melhor o tédio
dos olhos sarnentos sem um plano,
sem um aurífero repeteco.
Sobra a cal onírica do crânio.

 

André Siqueira nasceu em Jacareí, interior de São Paulo. Escreve desde os 15 anos e possui poemas publicados nas revistas Ruído Manifesto, Acrobata, Mallarmargens, Arara, Gueto, entre outras. Colaborou na revista de literatura e arte de Mato Grosso, a Pixé.  Livros publicados: As Manhãs Fechadas (editora Gataria, 2020), Atravanco na Casa (editora Verlidelas, 2022) e O Sol Perfurado (editora Litteralux, 2024).