O meu trânsito tem a linguagem
de painéis bem untados a medo,
onde rudos ventos são visagem
e momento-miragem que aceito.
A luz pode ser de grande agravo
ou de anafis nas coxas-alarde.
Mergulho de vida no mais caro
ou morte seca e simples a braille.
A certeza: pura contingência
na cova acima do nosso cérebro
sagitífero e vê diligência
cuspidora de rodas no metro.
Semáforos pingam melodias
coçadas pelo som sextavado
— arranco de incertezas são gritas
como anil que escoa açor pneumático.
E se retarda melhor o tédio
dos olhos sarnentos sem um plano,
sem um aurífero repeteco.
Sobra a cal onírica do crânio.
André Siqueira nasceu em Jacareí, interior de São Paulo.
Escreve desde os 15 anos e possui poemas publicados nas revistas Ruído
Manifesto, Acrobata, Mallarmargens, Arara, Gueto, entre outras. Colaborou na
revista de literatura e arte de Mato Grosso, a Pixé. Livros publicados: As Manhãs Fechadas
(editora Gataria, 2020), Atravanco na Casa (editora Verlidelas, 2022) e O Sol Perfurado (editora Litteralux, 2024).
