12 de jun. de 2023

microconto 337


Por Renata Sieiro Fernandes
 

a mulher, 
no ocaso da vida, 
falava sobre a invisibilidade 
que a sociedade lhe impunha. 
ela mesma 
já quase não notava seu corpo, 
mas no dia 
que começou a escrever, 
a colocar no papel 
o que existia nela, 
pouco a pouco, 
passou a enxergar suas mãos. 
dali 
a que todo o seu corpo 
viesse à luz 
foi um toque de mágica. 

Renata Sieiro Fernandes é microcontista. Publicou A donzela guerreira e outros microcontos, vol. 1, com financiamento do PROAC-SP, em 2019 e o volume 2 de forma independente. Publicou microcontos na antologia Parem as máquinas, pelo selo OffFlip (2020), na Revista Trama (2021), nas coletâneas Negociata na penumbra (Ipê editora, 2021), Fotoescritos do confinamento (Editora Desalinho, 2021) e Coletânea do Prêmio Off Flip de Literatura 2021 – Conto (2021). Participa com microcontos da Coletânea Sobre Nossas Avós: memória, resistência e ancestralidade (2022) e da Coletânea do Prêmio Off Flip de Literatura 2022 tendo recebido Menção Honrosa.