Por Cristiana Moura
Ando esvaziada de mundo. É tanta a correria cotidiana que estudos e afazeres têm me roubado a poesia.
Não é coisa de assalto.
Não há ameaça visível. Nem há susto ou medo. É coisa de furto que leva de leve
a carteira de dentro da bolsa. Aí a gente só dá falta bem depois e não sabe
direito nem onde nem como aconteceu.
O cotidiano roubou-me a
poesia!
— Respira fundo, dilata os
poros e sente — há de encontrá-la.
Vou coar um café para
tomar na varanda enquanto procuro as palavras que ando perdendo por aí.
Cristiana Moura é cronista, psicóloga, artista plástica, arteterapeuta, também contribuiu com as crônicas do Jornal de Caruaru (PE). Para ela, vida e arte têm fronteiras sutis, tênues, sensíveis, e, muitas vezes, invisíveis. A vida lhe é urgente, transparente, fluida. As paredes da casa e a pele do seu corpo se confundem. Por vezes, dança para saber que está viva. Nesta confusão-fusão-movimento, escreve. Escreve, por necessidade, as entrelinhas sensíveis do cotidiano. Escreve para coletivo Crônica do Dia e participa da antologia Retire aqui a sua história.