12 de abr. de 2023

À procura


Por Cristiana Moura

Ando esvaziada de mundo. É tanta a correria cotidiana que estudos e afazeres têm me roubado a poesia.

Não é coisa de assalto. Não há ameaça visível. Nem há susto ou medo. É coisa de furto que leva de leve a carteira de dentro da bolsa. Aí a gente só dá falta bem depois e não sabe direito nem onde nem como aconteceu.

O cotidiano roubou-me a poesia!

— Respira fundo, dilata os poros e sente — há de encontrá-la.

Vou coar um café para tomar na varanda enquanto procuro as palavras que ando perdendo por aí.

 

Cristiana Moura é cronista, psicóloga, artista plástica, arteterapeuta, também contribuiu com as crônicas do Jornal de Caruaru (PE). Para ela, vida e arte têm fronteiras sutis, tênues, sensíveis, e, muitas vezes, invisíveis. A vida lhe é urgente, transparente, fluida. As paredes da casa e a pele do seu corpo se confundem. Por vezes, dança para saber que está viva. Nesta confusão-fusão-movimento, escreve. Escreve, por necessidade, as entrelinhas sensíveis do cotidiano. Escreve para coletivo Crônica do Dia e participa da antologia Retire aqui a sua história.