Por Milton Rezende
Quando em meu peito
rebentar-se a
Que o espírito enlaça à dor vivente.
Álvares de Azevedo (1831-1852)
História concisa
com uma sacola de plástico:
pão, bife de hambúrguer e solidão.
Não vale a pena chorar por ele:
se fez as opções erradas,
se tombou pelo caminho,
nada fica além do fato
de um dia ter existido
e comido aquele sanduíche
barato.
O
anátemaGêneros
A abusão
O apêndice
A gênese
O telefonema
A aluviãoO decalque
A ênfase
O teorema
A análise
O eclipse
A entorse
O trema
A cataplasma
O eczema
A decalcomania
O edema
A dinamite
O gengibre
A apendicite
O dó
A alface
O eclipse
A comichão
O sósia
A matinê
O guaraná
A couve-flor
O lança perfume
A aguardente
O fibroma
A derme
O estratagema
A omoplata
O grama
A usucapião
O ágape
A bacanal
O caudal
A libido
O champanha
A sentinela
O alvará
A hélice
O formicida
A laje
O plasma
A cal
O clã.
Contemplo os
pomares Do livro Uma Escada que Deságua no Silêncio (Multifoco, 2009), esgotado.
Tempo de manga
em fruta e flor
no tecido das folhas
e nas fibras da tua roupa.
Saudade e manga temporã.
Nas árvores as frutas
estão ainda verdes,
mas maduras em tua boca
escorrem o caldo espesso
de manga amor maduro.
Na porta de uma loja
que dá para o quintal
de minha vida, de mãos
dadas com os sonhos
antigos e
sob a chuva.
Do livro Inventário de Sombras (Multifoco, 2012), esgotado.
Milton Rezende nasceu em Ervália (MG). Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG),
onde foi estudante de Letras na UFJF. Funcionário público aposentado,
atualmente reside em Campinas (SP). Sua obra consiste em treze livros
publicados, entre os quais Inventário
de Sombras (Multifoco,
2012), A
Magia e a Arte dos Cemitérios (Penalux, 2014), Mais uma xícara de
café (Penalux, 2017),
O jardim simultâneo (Penalux, 2013) e Anímica (Penalux, 2022). Site: www.miltoncarlosrezende.com.br.