Por André Siqueira
O movimento que faço
para descascar laranja
- leve força circular
na pista de mim
mesmíssimo -
supura bordejo cego.
Empinada sensação
de trote dado, sacana
dança a minha dança
chama.
O restolho de cavalo
- bicho com perfil perfeito
-
pasta o lixo da cidade,
a cidade morta-viva
que corta fuligem
cítrica.
E chupo minha laranja.
A pele do céu arder
e a boca do céu fará
corisco dolor e doce,
no estouro azedo dos
gomos
remordidos corpo
adentro.
Fofo pus azevichado.
André Siqueira é
poeta e mora em Jacareí, interior de São Paulo. Cursou a faculdade de Letras
pela UNIP, mas não concluiu. Publicou em 2020 seu primeiro livro de poesia por
uma editora, intitulado As Manhãs Fechadas (Editora Gataria). Possui poemas
publicados nas revistas Gueto, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Subversa, entre
outras. Atualmente é colaborador da revista de literatura Pixé.