Por Glênio Cabral
Obra de Raul
Pompéia com forte viés autobiográfico, O Ateneu é narrado em primeira
pessoa, tendo o adolescente Sérgio como protagonista. Romance de passagem, a
obra tem início com a célebre frase do pai de Sérgio, ao apresentá-lo ao
imponente colégio Ateneu: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai. Prepara-te
para a luta”. Ao longo da narrativa,
Sérgio, recém integrado ao colégio interno Ateneu, vai narrando toda a natureza
competitiva e muitas vezes selvagem que imperava no ambiente, onde a lei do
mais forte prevalecia. Um dos destaques do livro é o diretor Aristarco, chefe
supremo do colégio, figura autoritária e inibidora, fonte de temores e
frustrações vivenciadas pelo narrador. Muito se tem falado sobre o livro 1984,
de George Orwell, como leitura profética prevendo vários acontecimentos
sombrios dos dias atuais. O Ateneu, por sua vez, nunca previu nada.
Apenas constata o que sempre esteve em voga, a saber, a tirania
institucionalizada, a qual precisa ser contraposta a todo momento, não sem
luta, sofrimentos e descobertas. No fim das contas, todos vivemos um romance de
passagem como O Ateneu. Em que caminhos chegaremos no final de tudo,
cabe às nossas ações responderem. Até lá, fiquemos com a ponderação do pai de
Sérgio: “Vais encontrar o mundo. Prepara-te para a luta”.