Depois de uns booons anos,
voltamos com a campanha #CorraAtrásDessesLivros. É simples: uma pessoa
(colunista, colaborador, convidado) sugere algumas (poucas) obras que a
marcaram por meio de um textinho direto no ponto: no essencial da obra, no
efeito que ela pode causar. Hoje começamos com as sugestões do pesquisador,
professor e crítico literário SINVALDO JÚNIOR:
Urupês, de
Monteiro Lobato – tão indispensável quanto consciente e
equivocadamente deixada de lado, essa obra de Lobato é saturada de contos e
personagens marcantes. A linguagem – uma junção de regionalismo com linguagem
erudita (“Escuridão, não direi de breu, que não é o breu de sobejo escuro para
referir um negror daqueles”) – é outro ponto alto da obra, uma espécie de
prenúncio do que um tal Rosa iria fazer alguns anos depois, mas à potência máxima.
São quatorze contos que vão te transportar àquele Brasil atrasado, mas belo (por
que não?), de um século atrás. Bora viajar?
Morte e vida severina, de João
Cabral de Melo Neto – o que dizer de um clássico? Morte e vida
severina é aquele tipo de texto que você pode ler/reler dez vezes e,
mesmo assim, ele vai te tocar. Não que as agruras da vida, a pobreza, a fome
sejam tocantes (não são e nunca serão), mas a forma como o autor as apresenta,
tão poeticamente, tão duramente, tão profundamente, deixa qualquer leitor
reflexivo por um bom tempo. Não virou clássico sem motivo.