Por Glênio Cabral
Bundas.
Me desculpem o termo, mas vou repetir: bundas. Bundas aflitas, angustiadas, desesperadas e ansiosas.
Bundas que correm aos montes, aglutinadas, como nádegas ensandecidas, em busca do prêmio maior nesses dias de crise: o papel higiênico.
Tais bundas não se mostram empáticas.
Nem solidárias. Tais bundas recolhem todo o papel higiênico disponível no mercado, se esquecendo que há, sim, outras bundas nesse universo.
São bundas ensimesmadas, egocêntricas, que enxergam a vida apenas numa perspectiva “bundocêntrica”.
Então, quando confrontadas acerca de seu egoísmo latente, as bundas aflitas rebatem: “nádegas a declarar”.
Mas há outras bundas. Bundas serenas. Bundas tranquilas. Bundas que, a despeito do caos eminente, conseguem pensar na nádega ao lado.
Bundas que desejam, sim, um papel higiênico, mas o buscam de forma consciente e respeitadora. São bundas que não provocam desabastecimento, pânico e não incentivam o caos.
Por isso mesmo, não são “bundas mole”.
São firmes. São cheias de esperança. São altruístas. E, acima de tudo, acreditam firmemente que as coisas vão melhorar.
Que bom é saber que há bundas assim. Nesse mundo repleto de “bundões”, tais bundas são um raio de esperança.