Por Geraldo
Lima
De
repente o tempo fechou dentro do salão. Vi um brilho de metal luzir sob a luz
da lâmpada e dezenas de pessoas precipitarem-se em direção à porta. A porta,
como era de se esperar, tornou-se estreita demais para tantos corpos, para tanto
desespero. Consegui vazar pela janela e sumi dentro do breu. Parei uns
quinhentos metros depois, sem ar nos pulmões e coragem para avançar no escuro.
Então fechei os olhos e tapei os ouvidos para não ouvir nada, nem o tinir do
aço nem o estalido das armas de fogo.
Mas na mente, sem que eu pudesse
interromper, a cena continuou a desenrolar-se violenta e gangrenada.