Pequena epifania
“Certa
manhã, ao despertar
de sonhos
intranquilos”,
a manhã
desnoiteceu
latindo sóis
e sombras
enquanto
almoçava o
desabrochar
de uma pétala.
O som do sol
fazendo
ruídos incompletos
e soando sem
mim.
Assisti a
manhã
em terceira
pessoa
lavrando
fogo e poesia.
Arquitetura do som
E no início foi o som.
E do som, tudo se
formou.
Os fios entrelaçaram-se
numa trama tal,
elétrica,
e trataram de conectar
cabo por cabo, caixa por
caixa.
Caixa por caixa.
Paredes de madeira,
cubo acústico mágico,
a projeção do som
chegando e somando-se
aos fios do corpo
central.
Aparelho. Aparelha-se o
frontal
cromado, pronto em
prata,
e a tampa colocada
com carinho. O som
impresso nas fitas
cassete tem destino.
Sai o som assim,
abafado e depois bem
limpo, leve e lúcido.
A música mais uma vez
é simples. O som eleva.
A música é um sempre
mais.
Apontamentos
gosto do lirismo
contido em um pacote de
bolachas
(sim, sou paulista
e não digo biscoito).
o pacote tem início
meio
fim
e ainda restam farelos,
migalhas para comer.
como migalhas de
BOLACHA,
não como migalhas de
AMOR-PRÓPRIO.
“velho Hank, amigo,
um café puro,
bem preto,
sem açúcar,
pra nós dois.”
Marcos R. B. Lima, 27, poeta, graduado em Letras
(Português e Inglês) e Pós-Graduado em Português (Língua e Literatura). Publica
seus poemas em blogs e revistas literárias enquanto prepara seu livro de
estreia. Mantém, desde 2009, o blog Há poesia em
cada dia - escolhido em 2011 como o terceiro melhor blog do país na categoria Literatura
pelo Prêmio TopBlog.