Édipo
em Colono
meus pés incham
como uma raiva na encruzilhada
dos caminhos
tortos
como meus olhos
calcanhares medrados nos grãos
de areia
das ampulhetas derramadas
o meu fado
inconveniente nascimento
era melhor não ter vindo
ter tido outra escolha
do que submeter-se à luz dos
dias
pátios destroçados
órbitas trespassadas por agonia
facas cegas
da região das horas era melhor
ser um segundo esquecido
uma chama de vela assoprada
pelo capricho dos erros
o erro certamente é existir
e ser esfinge para tudo
morrer no exato instante
da decifração
Das distâncias
contínuas
tudo paira perdido nas beiradas
o pó o cigarro não aceso o vento
que sacudiu pedras e adeuses
os bicos das aves que se acariciam
sob a sombra de marquises de olhares
tudo paira perdido nas beiradas
as gotas que descem pelas calhas
os restos de meteoritos não flagrados
pelas câmeras deficientes da vida das brisas
largadas pelos ritmos dissonantes agoniados
nas beiradas
a perdição
as distâncias torturantes
o dedo que risca o vidro embaçado
e desiste de desenhar o nome
a mirada desistente que perscruta
o caminho entre o chão e janela
tudo paira perdido nas beiradas
estou a noventa e um centímetros de mim
nem mais nem menos
estou a meio caminho de uma dissolução estranha
vestida de certezas que zombem nas ruas
vestida de águas que lavam minhas mãos
vestida de uma estranha luz que invade o escuro
e risca meus olhos cansados de palavras inúteis
estou a noventa e um centímetros de mim
a meio caminho de algo que não sei
e que provavelmente guarda uma pedra no meio
só uma - não cabem mais
as beiradas desmancham-se ao toque de um sorriso
um sorriso louco, de uma mansidão absurda
de uma perdição absurda
como um choque de asteróide no escudo guardado
encravado no coração esquecido do hoje
tudo paira
tudo paira perdido nas beiradas
o pó o cigarro não aceso o vento
que sacudiu pedras e adeuses
os bicos das aves que se acariciam
sob a sombra de marquises de olhares
tudo paira perdido nas beiradas
as gotas que descem pelas calhas
os restos de meteoritos não flagrados
pelas câmeras deficientes da vida das brisas
largadas pelos ritmos dissonantes agoniados
nas beiradas
a perdição
as distâncias torturantes
o dedo que risca o vidro embaçado
e desiste de desenhar o nome
a mirada desistente que perscruta
o caminho entre o chão e janela
tudo paira perdido nas beiradas
estou a noventa e um centímetros de mim
nem mais nem menos
estou a meio caminho de uma dissolução estranha
vestida de certezas que zombem nas ruas
vestida de águas que lavam minhas mãos
vestida de uma estranha luz que invade o escuro
e risca meus olhos cansados de palavras inúteis
estou a noventa e um centímetros de mim
a meio caminho de algo que não sei
e que provavelmente guarda uma pedra no meio
só uma - não cabem mais
as beiradas desmancham-se ao toque de um sorriso
um sorriso louco, de uma mansidão absurda
de uma perdição absurda
como um choque de asteróide no escudo guardado
encravado no coração esquecido do hoje
tudo paira
Álisson da Hora,
nascido em Recife, estudou Letras na UFPE, onde também cursou mestrado em
Teoria da Literatura. Tem três romances e dois livros de contos não publicados,
e escreve no blog Todo Anjo é Terrível
http://pontispopuli.blogspot. com,
onde podemos encontrar parte de sua produção.