eu quero o verde de todos séculos.
tragam rosa
colher na boca e outros poemas
o silêncio dos minerais azuis
e o abraço cego
do poeta aproximado
acendam um lampião
e risquem a minha cabeça
no chão da linguagem iluminada
bebam o vinho sangue
essa palavra doce
que escorre cedo
pela foice da lembrança
durmam longe da noite
na véspera do abismo
eu ficarei
no incêndio
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samambaias e os ciclos solares
sobre meu ego.
saudades eletrônicas
e a atividade. pequena memória de
esgrimas.
meu grande amor
rasgando camisas debaixo do céu
e esses uivos essa sede
a saliva
os nomes doces
da noite.
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não demora
e a vertigem do horizonte
se instala:
numa amora
num jazz
num amor.
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o poema se faz com o barulho
dos ossos. A poesia é distúrbio,
ruído, transgressão - os sons do corpo
mamífero.
O poema cria o abismo com violinos
e a vertigem
(as alucinações caóticas do deserto do real).
A poesia é o incêncio do encontro
e o acaso: olhos do nômade
na paisagem de animais.
José
Juva (Olinda, 1984) – mamífero, poeta,pousa-tigres.
Na UFPE se formou em jornalismo e fez mestrado em teoria da literatura – com dissertação
sobre o xamanismo na obra do poeta Roberto Piva. Ainda por lá, atualmente faz doutorado,
com tese sobre as relações entre a poesia, o mundo natural e o sagrado. Membro fundador
do coletivo casa de marimbondo (artes visuais, literatura, música). Ainda
inédito em livro, está produzindo, em parceria com a editora Livrinho de Papel
Finíssimo, o primeiro livro de poemas, “vupa”. Guarda poemas na gaveta: josejuva.blogspot.com