5 de mai. de 2012

Alguns poemas de José Juva

eu quero o verde de todos séculos.

tragam rosa
colher na boca e outros poemas
o silêncio dos minerais azuis
e o abraço cego
do poeta aproximado

acendam um lampião
e risquem a minha cabeça
no chão da linguagem iluminada

bebam o vinho sangue
essa palavra doce
que escorre cedo
pela foice da lembrança

durmam longe da noite
na véspera do abismo

eu ficarei
no incêndio

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samambaias e os ciclos solares
sobre meu ego.

saudades eletrônicas
e a atividade. pequena memória de
esgrimas.

meu grande amor
rasgando camisas debaixo do céu

e esses uivos essa sede
a saliva

os nomes doces
da noite.

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não demora
e a vertigem do horizonte
se instala:

numa amora
num jazz
num amor.

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o poema se faz com o barulho
dos ossos. A poesia é distúrbio,
ruído, transgressão - os sons do corpo
mamífero.

O poema cria o abismo com violinos
e a vertigem

(as alucinações caóticas do deserto do real).

A poesia é o incêncio do encontro
e o acaso: olhos do nômade
na paisagem de animais.

José Juva (Olinda, 1984) – mamífero, poeta,pousa-tigres. Na UFPE se formou em jornalismo e fez mestrado em teoria da literatura – com dissertação sobre o xamanismo na obra do poeta Roberto Piva. Ainda por lá, atualmente faz doutorado, com tese sobre as relações entre a poesia, o mundo natural e o sagrado. Membro fundador do coletivo casa de marimbondo (artes visuais, literatura, música). Ainda inédito em livro, está produzindo, em parceria com a editora Livrinho de Papel Finíssimo, o primeiro livro de poemas, “vupa”. Guarda poemas na gaveta: josejuva.blogspot.com