12 de nov. de 2011

Nanonarrativas

Por Geraldo Lima

Apresento-lhes, caros leitores, as lascas narrativas (ou nanonarrativas) que venho tuitando nos últimos meses. Algumas foram compostas diretamente no twitter, ou formatadas lá, dentro do limite dos 140 caracteres. Só em um dos textos fiz uma pequena modificação para esta postagem: grafei ‘que’ em vez de ‘q’. A busca da concisão, com o máximo de significado, tem me orientado na elaboração desses microtextos.

Lascas

Assim que adentrou a sala, tudo começou a gravitar em torno dela. Nunca mais serei o mesmo, pensei, já preso à sua órbita.

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Não resta nada, Carolina, nem sombra de dúvida. Nem o esqueleto sonoro das palavras mortas nos momentos de ira e fogo.

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Lutou pra que o amor não acabasse. Era a mulher da sua vida. Mas o tempo matou a ternura e secou o desejo.

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Foi longa a jornada até aqui. No trajeto, o ser se fragmentou. Este, diante dela, são vários.

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Um invólucro de luxo no meu quarto: um presente de grego? Que fosse! Desembrulhei-a afoito. A floresta negra onde me meti em chamas.

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Num instante você é de Deus; noutro, do Diabo. Meu esforço é para não escandir a alma.

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As coisas que eu lhe disse... Ah, as coisas que ela me disse no calor da discussão! Agora, esse fosso intransponível entre nós.

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Estacou ali, no meio do nada, o ser tomado de solidão e medo.

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Você me ama?, pergunta entre lágrimas. Ele a penetra um pouco mais, o sorriso canalha-amoroso envolvendo-a.