Fotografia: Daniela Lima / Acervo Pessoal
Por Daniela Lima
E as palavras eram uma tempestade seca, irrespiráveis; estiagem de caminhos, pedras, troncos, estrada de chão; e eu desdobrava a minha solidão diante dos seus olhos – estes, sim, espelhos d’água.
Os cabelos e as unhas crescem e eu não percebo; não percebo o tempo e as vozes que ecoam olás e tudobens sem acabamento. Um tecido grosso cobre as palavras e os sentimentos - os verdadeiros sentimentos adormecem na rotina e: estou bem, e você? Não, não está tudo bem. E o mundo se choca com o meu corpo coroado de limo; com a minha boca que é só fuligem e estilhaços de carvão. Tudo é negro e o universo não silenciou; o universo, meu amor, sempre esteve em silêncio, vê?
Não sei como explicar a aparente falta de contornos entre os dias: véu negro trocando incessantemente de lugar com essa poça de luz. E o meu corpo acompanhando as mudanças com sorriso e entusiasmo de criança; e farfalhar de lágrimas.
[Mas toda a inquietação termina;
a existência que desabrocha em vida,
quando o seu corpo alimenta o meu coração miúdo de pássaro azul]
Daniela Lima estudou física, jornalismo e fotografia. Já publicou nas revistas Germina, Escritoras Suicidas, Minotauro, Portal Literal, Ficções, dentre outras. Ganhou o concurso Exercícios Urbanos, do Portal Literal, em 2008. Está terminando o seu primeiro romance. Site: http://www.danielalima.com/blog
E as palavras eram uma tempestade seca, irrespiráveis; estiagem de caminhos, pedras, troncos, estrada de chão; e eu desdobrava a minha solidão diante dos seus olhos – estes, sim, espelhos d’água.
Os cabelos e as unhas crescem e eu não percebo; não percebo o tempo e as vozes que ecoam olás e tudobens sem acabamento. Um tecido grosso cobre as palavras e os sentimentos - os verdadeiros sentimentos adormecem na rotina e: estou bem, e você? Não, não está tudo bem. E o mundo se choca com o meu corpo coroado de limo; com a minha boca que é só fuligem e estilhaços de carvão. Tudo é negro e o universo não silenciou; o universo, meu amor, sempre esteve em silêncio, vê?
Não sei como explicar a aparente falta de contornos entre os dias: véu negro trocando incessantemente de lugar com essa poça de luz. E o meu corpo acompanhando as mudanças com sorriso e entusiasmo de criança; e farfalhar de lágrimas.
[Mas toda a inquietação termina;
a existência que desabrocha em vida,
quando o seu corpo alimenta o meu coração miúdo de pássaro azul]
Daniela Lima estudou física, jornalismo e fotografia. Já publicou nas revistas Germina, Escritoras Suicidas, Minotauro, Portal Literal, Ficções, dentre outras. Ganhou o concurso Exercícios Urbanos, do Portal Literal, em 2008. Está terminando o seu primeiro romance. Site: http://www.danielalima.com/blog