Os Colunistas d'O BULE entrevistam...
Nelson de Oliveira
"Eu não acredito realmente que a literatura seja a arte do inútil. Mas conheço inúmeros indivíduos que acreditam. Pessoas práticas e atarefadas, boas em contabilidade e marketing, para quem tempo perdido é dinheiro perdido. (...)
"Sou contra a compartimentalização (também me foi difícil escrever essa palavra) dos diversos períodos de nossa literatura. É ainda comum estabelecer-se a geração de 30, a geração de 45, a geração de 60, mas em relação à poesia, com exceção da geração de 30, que deu alguns dos nossos maiores romancistas, a moderna, a pós-moderna. (...)
Não acho que a violência nos meus livros é assim tão escancarada. Eu diria rasgada. Pois a violência que se apresenta nos meus textos está do lado de dentro, ou seja, na alma e no entendimento dos personagens. Só rasgando a pele é que ela pode se desnudar. (...)
Não, não ganhei muito dinheiro. Ganhei dinheiro, mas não muito. Nada que pudesse me levar a abandonar meu salário de professor. Sou organizador, portanto o que recebo como royalties é uma parcela ínfima do que recebe um autor. (...)
Em relação à imbricação entre música e literatura, me parece que ela se faz notar, em meu trabalho, por meio de certa contagem interna de tempo, algo que, possivelmente, somente eu percebo, e só a mim, enquanto escritor, vai interessar. Quando redijo uma frase, por exemplo, naturalmente lhe confiro um ritmo, um andamento específico. (...)
Sou místico, sabe? Acredito em Borges. E aí eu sou obrigado a usar a tese dele, aquela que diz que existem autores (você esqueceu de Machado de Assis) que influenciam seus predecessores e, a partir daí, poderíamos inverter essa questão. Ou seja: o que existe nesses autores de Marcelo Mirisola? (...)
Agora é com você, leitor. Neste domingo, que tal uma entrevista?
Os Editores