![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmOVLL4bUrEyiGrZdno_Z6MzkBQ6W7Ddt64PDu29fi5eHdDtHTbN9kUYrh7ru1tfG2UwMOHKxRWGBoKWVvULtZK7GP68LIJ7imq_p54rNBI_OXY8_v5UOcGuv57TKmQV0Eo5I35-RhLD4/s400/nacos-de-necas-bule.jpg)
Por Claudio Parreira
1
Dizem as vozes antigas que o céu, quando recebe alma nova, toca
trombetas e sinos e se abre numa festa que começou antes e que acaba
nunca.
Dizem as vozes antigas que o inferno faz a mesma coisa, só que de
cabeça pra baixo.
Sobre a terra, as vozes antigas dizem o seguinte:
— Daqui ninguém sai vivo!!!
2
Um olhar
sorrisos
beijos e abraços
o nó das pernas
— assim se reproduzem os vivos.
Sem nada disso — e muito mais rápido —, nos jornais se reproduzem os
mortos.
3
Na esquina dos insultos, até os mudos trocam silêncios grosseiros.
4
Quem parte compensa a tristeza do adeus com a felicidade do seja
bem-vindo.
Tem sido assim desde que as pernas inventaram as viagens.
Agora, pra quem parte de ninguém em direção a ninguém, nada
compensa — tenham as pernas asas ou motores ou rodas ou o que quer que seja.
5
O homem que se cura das febres e delírios do desejo passa o resto da
vida doente.