"A
descoberta de informações e sinais inéditos na obra de Bernardo Guimarães
(1825-1884) parece coisa impossível porque, além de muito lido como autor de A escrava Isaura e O seminarista – e, é claro, do
Elixir do Pajé, Bernardo Guimarães já teve sua obra toda editada, estudada
e traduzida.
Poeta,
crítico, romancista e dramaturgo, Bernardo Guimarães nasceu em Ouro Preto e
formou-se em Direito na Faculdade do Largo São Francisco em São Paulo em 1851.
Foi juiz em Catalão (Goiás). Retorna a Ouro Preto em 1858. Vive no Rio como
jornalista em 1859-60 e, de volta à sua cidade natal, é nomeado professor de
Gramática e Retórica no Liceu Mineiro ( onde hoje funciona a FAOP na rua
Getúlio Vargas), que tinha sido instalado em 1854 e foi um dos estabelecimentos
de ensino famosos na Província.
Já tinha publicado crítica literária na
revista Ensaios Paulistanos (1847) e
poesia, com o livro que o tornou então conhecido: Cantos da Solidão (1852). Passou a colaborar na imprensa ouro-pretana
que era forte, variada e polêmica. Escreveu para teatro, mas algumas peças se
perderam, depois de serem representadas no Teatro Municipal. Fez poesia
satírica, fescenina, pantagruélica. Escreveu também versos de homenagem, lamento
e comemoração cívica. Dizem que muita coisa se perdeu, porque Bernardo não
fazia muito caso, seu talento era grande, e também seu desprendimento. Outras
produções foram recolhidas por amigos e registradas.
Nos jornais de Ouro Preto no século XIX,
encontrei uma série de poemas (alguns não registrados em sua obra), notícia
sobre peça teatral desaparecida e folhetim com o romance sobre a guerra dos
emboabas. Além desses, localizei uma coleção de crônicas publicadas nos
folhetins de jornais de 1867, quando Bernardo Guimarães também lançava seu primeiro
romance O ermitão do Muquém. E outras
crônicas de 1868, 1883 e 1884. A de 1884 foi escrita um mês antes da morte do
escritor, e provavelmente seja a última que Bernardo Guimarães escreveu.
O livro Bernardo Guimarães cronista - que é o volume I da série Inéditos, da Editora Liberdade (Ouro Preto) - reedita essas
crônicas e outras notícias inéditas sobre a obra do escritor ouro-pretano,
entregando ao leitor contemporâneo um belíssimo exemplar de textos, finamente
produzidos para o leitor do século XIX Nessas crônicas, Ouro Preto aparece sob
diversos ângulos, desde aquele em que o escritor levanta o grito contra a
Câmara (que deixava a cidade abandonada e suja), como o que acompanha o
desenrolar da guerra do Paraguai e a saída de soldados da Praça Tiradentes; o
mau funcionamento do Teatro; as eleições; o lançamento do primeiro monumento a
Tiradentes (Coluna Saldanha Marinho); a Semana Santa, chuvas torrenciais e outros acontecimentos cotidianos da cidade.
Meu ensaio crítico O romancista em formação apresenta esse Bernardo Guimarães pouco ou
quase nada conhecido, contextualizando a crônica bernardina no ambiente e na
cultura do século XIX em Ouro Preto, então capital da Província de Minas".
[ Francelina Ibrahim Drummond ]
Lançamentos:
Dia
31 de maio, às 19:30 horas, no Centro de Convenções da UFOP.
Dia 14
de junho, às 19 h na Biblioteca Pública de Ouro Preto.
Dia
10 de julho – 19 h – Biblioteca Municipal Bernardo Guimarães, Uberaba.
Dia 12 de julho – 19 h – Fundação de Arte de Ouro
Preto/Casa Bernardo Guimarães
Contato:
Editora Liberdade ( sdrummond@terra.com.br )