27 de nov. de 2012

Odisseu


Por Geraldo Lima

Estou prestes a adentrar uma região vasta, assustadoramente vasta. Mundo ermo, movediço, imprevisível. A partir daquele ponto ali, onde a luz cega e alucina, meu ser vagará à deriva, entregue aos caprichos da sedução.

Posso, nesse caso, fechar os olhos e tapar os ouvidos, blindando-me contra  o fascínio da beleza e a magia da voz. Poderia, inclusive, fazer meia-volta e retornar daqui, onde sinto ainda a terra, firme e segura, sob meus pés. Poderia. Mas uma força extrema me arrasta para fora de mim. Ah, um deus furioso deve ter me atirado nessa aventura insana, pois nunca alimentei em mim tanto desvario.

Ouço o canto da sereia e avanço despido de razão e prudência.