6 de dez. de 2011

Simulacro

Por Marcia Barbieri

Não sou homem
sou bicho rastejante
camuflado entre rochas.
Um cachorro devora outro cachorro
E eu apenas olho a cena
A estética me atrai
Sou um simulacro de incertezas
uma boneca russa sem linhagem
Entre minhas pernas crescem lesmas mortas
Ontem abortei o sol.

Aprendi a rir imitando a tragicomédia do meu pai
- O riso torna o homem sociável -
Cedo compreendi a incoerência dos antropólogos.
Rasguei minha cara
inconformado com a verdade das carrancas
Ninguém chega ao fim antes de atravessar o subsolo
Carrego o choro convulsivo das manhãs nubladas
O grito ninguém ensina, ele nasce feroz em nossa boca
Ancestral - uma vaga ideia de Deus.