8 de out. de 2011

e-Oficina para novos escritores: O lançamento

Por Paula Cajaty

A resposta chegou. De um jeito ou de outro, o seu livro vai ser publicado.

Bem, a partir daí, há dois caminhos. Vamos a eles.

(1) Se o seu livro vai ser uma produção independente, você terá que providenciar a revisão textual (com revisão ortográfica e tudo o mais), a produção da capa, a produção de convite e marcador de livro, e realizar a supervisão do projeto gráfico até a entrega dos livros em sua residência ou local de trabalho. Neste caso, é você quem regerá a orquestra e tocará os instrumentos, tudo ao mesmo tempo.

Como a produção gráfica do livro não se esgota em si mesma, você também precisará organizar alguma nota para meios importantes da imprensa, pensar em como distribuir o livro para a venda - seja em livrarias físicas, seja em livrarias online - e, claro, reservar uma data em um local bacana para celebrar o nascimento do seu livro, além de informar com adequada antecedência a todos os seus amigos, colegas e parentes (via emails, Facebook, twitter, convites impressos, etc) comunicando que o seu projeto foi finalizado com sucesso.

(2) No segundo caso, se você pôs seu livro dentro de uma editora, inicia-se lá um novo percurso que envolve muitas pessoas. Você receberá do revisor a primeira prova da revisão, terá oportunidade de dar um 'retoque final', e depois conferir a segunda e última prova da revisão. Receberá, também, do designer, capista ou ilustrador, as imagens da capa do livro para sua livre escolha. A partir da arte da capa, serão produzidos convite (versão digital e impressa) e marcador. E, com essas imagens prontas, você receberá da editora a previsão do prazo para a finalização do projeto gráfico (isto é, quando o livro ficará impresso, pronto e entregue). Aqui, a editora se incumbirá de comunicar o seu lançamento para um kit básico de mídia, e tomará as providências para distribuir o seu livro, ou seja, encontrar canais de venda. Caberá a você somente escolher um local adequado para fazer o débutdo seu bebê.

Mais recentemente, temos ainda as variantes do ebook.

A parte boa do ebook é que você não terá percalços como sobra de estoque, a entrega de centenas de livros na sua casa, transporte para as feiras de Porto Alegre ou do Pará pesando no seu bolso ou no bolso da editora. A parte ruim é que, como ele é um produto totalmente virtual, sem nada a ser vendido fisicamente, o lançamento perde um pouco do sentido e do glamour enquanto festa na qual você faz uma boa e grande venda do seu produto, e pode acabar virando apenas uma chopada ou reunião entre amigos.

Para resolver essa questão, há quem faça uma tiragem pequena em regime print-on-demand apenas para o evento de lançamento. Algumas livrarias também estão inovando e vendendo o cartão do ebook, que seria um flyer de papel cartão ou cartolinado, com a impressão da imagem de capa e informações relevantes, passível de ser comprado pelo convidado e assinado pelo autor. Neste cartão consta de praxe um código de download, com número máximo de downloads para o mesmo Id (identificador do titular de dispositivos), e outros limitadores de direitos autorais, para que o comprador baixe o conteúdo posteriormente, no recanto do seu lar. Há também outras formas de venda, como assinatura digital diretamente no Kindle ou iPad, e outras soluções tecnológicas (lançamentos no Facebook) que resolvem o problema da ausência de produto físico à venda na livraria, na hipótese do seu livro ser publicado exclusivamente em ebook.

Em todos os dois casos, é necessário divulgação. Se você vai fazer uma edição do autor, beleza, você já sabe que vai precisar matar essa no peito. Já se você vai lançar por um selo editorial, há quem acredite que a editora fará tudo para o jovem e iniciante autor. Não é assim. Especialmente se você não for o Luciano Huck, claro.

Há quem contrate assessorias de imprensa particulares, embora tenham resultados muitas vezes questionáveis, e há quem invista em um cerimonial para a festa do lançamento. Tudo dependerá do seu orçamento e do quanto planejou investir no seu projeto.

Eu já fui em lançamentos em bares na Lapa, com pagamento de couvert artístico e consumação mínima para entrar na casa. E já fui em lançamentos com bate-papo com famosos, mesas-redondas, DJs e decoração temática da Livraria. Cada um faz do jeito que pode, ou que acha melhor e, nesse caso, a liberdade é praticamente total e irrestrita.

O pior, nesse meio tempo, entre revisões e contatos com livrarias, são aquelas perguntinhas que sempre nos pegam desprevenidos: "- para que eu fui inventar isso?" (essa aí aparece sempre que algo dá errado); "- por que eu não fiquei quieto sem inventar moda?" (essa pergunta vem quando são 4 da manhã e você ainda está respondendo emails e trabalhando na divulgação do livro); "- o que vão achar do que eu escrevi?" (tipo da pergunta que aparece quando você se dá conta da exposição pública, com o resultado de aprovação ou desaprovação, a que você estará sujeito); e, finalmente "- será que eu algum dia vou ver alguma grana daí?" (pergunta mais existencial, daquelas que aparecem quando você está assinando muitos cheques altos).

Para essas perguntas, há remédio. A TPLL (tensão pré lançamento de livro) é bem normal: dá euforia e depressão, numa espécie de bipolaridade emocional. Fique tranquilo que o tempo cura isso: no dia seguinte ao do seu lançamento, você sentirá uma sensação de paz, felicidade e dever cumprido. E ela vai fazer com que tudo tenha valido a pena.


>>> Leia o oitavo texto da e-Oficina, Cada um no seu quadrado, AQUI.


Paula Cajaty - escritora, formada em Direito e em Publishing Management na FGV. Em parceria com sites, blogs, editoras e agências literárias, produz o Boletim Leituras para mais de 4 mil leitores, prestando serviços de leitura crítica, consultoria em marketing e produção editorial e literária através de seu site http://www.paulacajaty.com/ Autora de Afrodite in verso (7Letras, 2008) e Sexo, tempo e poesia (7Letras, 2010).