MARCIA BARBIERI E RODRIGO NOVAES DE ALMEIDA – Harold Bloom fala sobre a angústia da influência. Recentemente Alcir Pécora afirmou que no Brasil existe o orgulho da influência. E você sente angústia ou orgulho de suas influências? Quais são elas?
LUIZ RUFFATO – Sinceramente, não creio que sinta nem uma nem outra. Não creio em influência, mas em diálogo. Gosto de pensar que quando escrevo estou, na verdade, apenas mergulhando na água da tradição, banhando-me em tudo que já foi feito antes de mim e portanto me contaminando de tudo, sem que isso seja um fardo ou um troféu.
ROGERS SILVA – Escolher, para participação de uma mesma coletânea, Clara Averbuck, com um conto – a meu ver – de qualidade literária bastante questionável, e Cecília Costa e Claudia Lage (dentre outras), com contos – a meu ver – que beiram à obra-prima, foi uma escolha pessoal ou uma pressão de mercado ou editorial, uma vez que Clara Averbuck na época da organização da coletânea estava em alta tanto na internet quanto na mídia de uma forma geral?
LUIZ RUFFATO – A seleção das 55 mulheres obedeceu a único critério, exposto na introdução do primeiro volume: a representatividade. Ou seja, escolhi nomes que de alguma maneira representavam algo para além da literatura. Por isso, todas as regiões do país estão representadas (menos o Norte) e também os vários nichos de divulgação (Internet, jornais, etc). Portanto, não levei em consideração a qualidade literária e muito menos o gosto pessoal. E concordo com você: há nos dois volumes contos que beiram à obra-prima e outros que são fracos. Cabe ao leitor encontrá-los...