18 de fev. de 2011

Os colunistas d'O BULE entrevistam Esdras do Nascimento


Esdras do Nascimento nasceu em 1934, em Teresina, Piauí. Passou a infância e adolescência em Fortaleza e Natal. Viveu depois em Crato, Porto Alegre, Santa Maria, Rio e Brasília. Esteve dez anos no Exterior: Amsterdã, Londres e Nova York. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela PUC-Rio, Mestre em Comunicação e Doutor em Letras pela UFRJ. Antes de criar condições para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho de romancista, Esdras do Nascimento foi comerciário, professor, jornalista, tradutor, bancário e gerente de empresa financeira internacional. Em 1998, com Lição da Noite, ganhou o prêmio "Melhor romance do ano", da Associação Paulista de Críticos de Arte". Dirige, no Rio, uma Oficina de Criação Literária, voltada para o conto e o romance.
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Suas principais obras são: ROMANCES - "Solidão em família", 1963; "Convite ao desespero", 1964; "Tiro na memória", 1965; "Engenharia do Casamento", 1968; "Paixão bem temperada", 1970; "Variante Gotemburgo", 1978; "O ventre da baleia", 1980; "Jogos da madrugada", 1983; "As surpresas da paixão", 1986; "A dança dos olhares", 1993; "Minha morte será manchete", 1994, e "Lição da Noite", 1998. CONTOS E NOVELAS: "Vinte Histórias Curtas", 1960; "Quatro num fusca", 1974; "Aventuras do Capitão Simplício", 1982; e "O Barba Azul de Ipanema", 1988. ENSAIOS: "O mundo de Henry Miller", 1969, e "Teoria da comunicação e literatura", 1975".
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O seu próximo romance, A rainha do calçadão, sairá ainda neste primeiro semestre pela Editora Global.
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GERALDO LIMA – No romance Lição da noite (Editora Record), em determinado momento uma das personagens, a professora universitária Cláudia, revela à amiga Dos Anjos que o namorado, o cantor brega Mário Có, vez ou outra lhe aplica umas porradas. O chocante é que essa doutora em Literatura confessa gostar das humilhações que o namorado lhe impõe. E, ao ouvir a história da amiga, Dos Anjos sente nojo e inveja. O seu livro sofreu algum tipo de crítica, principalmente de feministas, por causa de passagens como essa?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Alguém se lembra daquela moça chamada Simone de Beauvoir, como romancista? Nunca teve qualquer importância nessa área, embora tenha se esforçado muito. Chegou a publicar um romance de qualidade pouco abaixo da média, Os mandarins, que fez muito sucesso devido às suas características de documentário jornalístico. Não passou disso. Aparecia muito na mídia, contribuiu para a conquista de alguns direitos das mulheres, ocupa lugar indiscutível na história dessa luta. Mereceu os aplausos recebidos. Deus a tenha. Ou o Diabo. Já que a moça era ateia. Isso nada tem a ver com literatura. Algumas das minhas obras foram discutidas em círculos feministas. Principalmente o conto Olhar de bicho doente. O olhar era sempre extra literário. Valioso, talvez. Mas fora do meu campo de interesse. Não sou psicanalista, nem sociólogo, nem cientista político. São atividades humanas relevantes. Sem dúvida. Mas não posso me dedicar como gostaria a todas as vertentes do pensamento. O centro de gravidade da minha vida é a prática literária. Se o mundo vier a me creditar por algo — o que talvez jamais aconteça e não me fará a mínima diferença - esse algo será aquilo que eu tiver criado com meu trabalho de escritor.
GERALDO LIMA – Ainda em seu romance Lição da noite, a certa altura o escritor Roberto de Aquino refuta a ideia de escrever para milhões de leitores com o seguinte argumento: “Seria ótimo, desde que esses milhões de leitores, por um milagre de Deus, estivessem interessados naquilo que me interessa escrever, e não que eu me obrigasse a fazer determinado tipo de romance para chegar até eles, para agradá-los.” Literatura de entretenimento versus alta literatura: como o senhor analisa essa questão?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Literatura não é comunicação. É expressão. O centro de gravidade da literatura é o texto. Escritor não escreve pensando em público alvo. Quem faz isso é o político, é o jornalista, é o líder religioso. O texto a serviço de uma causa. O texto como instrumento para a conquista de algo: venda de refrigerantes, calcinhas, automóveis. Quem escreve bulas de remédios deve ter mais leitores do que todos os ficcionistas de boa qualidade que estão por aí criando contos, romances, novelas. E deve ganhar boa grana. O que não significa que ele possa vir a ser chamado de escritor. É apenas um redator. Exerce profissão digna; rendosa, talvez. Igualzinho a quem faz textos para programas de auditório de tevê. A luta pelo avanço espiritual do homem através da valorização da palavras está longe das suas preocupações.
GERALDO LIMA – O senhor já possui uma obra bastante vasta, entre romances, contos, novelas e ensaios. Sente-se satisfeito com a receptividade do público e da crítica aos seus textos?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Nunca pensei nisso. Alguns dos meus livros foram comentados, discutidos, analisados. De maneira primária, quase sempre, mesmo quando elogiados. Com brilho, às vezes. Escrever, para mim, é uma tentativa de me compreender e de compreender o mundo em que vivo. A criação literária é resultado desse esforço. Meu grande prazer é o percurso, é o avanço da narrativa. O texto precisa avançar, sem dúvida. O fundamental, porém, é que eu avance espiritualmente quando escrevo. Se isso ocorrer, estarei colaborando, na medida das minhas limitações, para que o mundo também se enriqueça. É essa a minha pretensão.
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ROGERS SILVA – Uma técnica que o senhor usa em seu romance A dança dos desejos, opus 13, é a de inserir, entremeio à narrativa ficcional, excertos de noticiários de jornais, de forma a situá-la (a narrativa ficcional) num tempo e num espaço determinados: o Rio de Janeiro (mais especificamente a Zona Sul) do final do século XX. A seu ver, de que forma essa técnica enriquece o romance? E, por outro lado, não pode desuniversalizá-lo ao se preocupar tanto com um momento histórico e um espaço tão específicos?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Nos meus romances há um núcleo com personagens que passam de um para o outro, envelhecem, têm filhos, vencem na vida, fracassam, apaixonam-se, morrem. Há um segundo núcleo com narrativas referentes à cidade onde esses personagens vivem. Há um terceiro com as ideias que circulam em redor ou, antiquíssimas, continuam prevalecendo no tempo em que se passa a narrativa principal, de maneira direta ou indireta. Tudo isso se funde num único romance. Guerra e Paz, de Tolstói, não perdeu suas qualidades universais por recriar também, em termos de ficção, os usos e costumes do tempo em que se desenrolou a narrativa. No campo da música, temos os Concertos de Brandenburgo, de Bach.
ROGERS SILVA – Ainda sobre a questão dos excertos jornalísticos... Eles são totalmente de sua autoria? Se sim, escreveu-os exclusivamente para o romance ou os retirou de textos seus, publicados em outras ocasiões? Se não são seus, como o senhor analisa a questão do direito autoral numa situação dessa?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Vamos pensar num moço chamado Eurípides. Ele recontou histórias que já tinham sido contadas dezenas de vezes por outros autores do seu tempo e foi incorporando às narrativas fatos ocorridos nos momentos em que escrevia. Falar na questão de direitos autorais, no caso do teatro grego, me parece uma fantasia. E o que dizer daquele outro rapaz chamado Shakespeare? Ele ia “roubando” dos textos que lhe apareciam pela frente o que achava interessante e incluía nos dele, sem se ruborizar. E reescrevia as peças, conforme as conveniências dos patrocinadores dos lugares aonde seriam encenadas, para garantir o faturamento. O caso mais notório foi o Rei Liar, com aquela história do suicídio da mocinha. Como ficam os direitos autorais?
ROGERS SILVA – O seu romance A dança dos desejos, opus 13, termina com a cena do ônibus 174. Sabe-se que esse seqüestro, ocorrido em junho de 2000 na zona sul do Rio de Janeiro, foi filmado e transmitido ao vivo por praticamente todas as redes de televisão brasileiras e virou documentário – de José Padilha – em 2002. Por que a escolha desse final?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Foi o que me pareceu melhor para o romance. Eu poderia ter inventado a história, mas ela estava ali à minha disposição. Creio que daqui a três mil anos, quando talvez pouca gente saiba que houve no mundo uma cidade chamada Rio de Janeiro, a miséria retratada no romance chamará a atenção dos leitores para a necessidade da atenção permanente aos desvios de caráter e perversões, infelizmente constantes na história da humanidade. Isso só ocorrerá se o texto se impuser pela sua dramaticidade, pelo seu rigor narrativo. Arte é isso. Detalhe: o sequestro do ônibus não foi acrescentado à narrativa. Faz parte dela.
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RODRIGO NOVAES DE ALMEIDA – O senhor tem uma oficina literária. Fale para os nossos leitores, por favor, como é a dinâmica de uma oficina. E as diferenças entre ela e a academia tradicional para o desenvolvimento de um jovem escritor.
ESDRAS DO NASCIMENTO - Eu tinha dezoito anos de idade, vivia em Fortaleza e já era viciado em literatura. Dostoiévski, Faulkner, Balzac, Hemingway, todos esses gigantes do romance - e muitos outros - faziam parte do meu dia a dia espiritual. Depois vieram Rachel de Queiroz, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Eu sonhava com os personagens desses romances e com seus autores. E me imaginava escrevendo e publicando obras geniais, que fariam grande sucesso no eixo Rio-São Paulo e seriam traduzidas e lidas no mundo inteiro. Na força da minha ignorância, tomei a decisão de renovar o romance nordestino, que estava na ordem do dia, e de revolucionar o gênero. Minha contribuição à literatura seria decisiva. E inesquecível. Depois de vegetar em vários subempregos, arranjei um trabalho mais ou menos decente e fui parar no Crato, no interior do Ceará, numa "república", onde moravam estudantes, pequenos funcionários públicos e caixeiros de lojas. Com meu primeiro salário, comprei a prestação uma máquina de escrever e uma resma de papel. À noite, os colegas iam caçar namoradas na pracinha e eu ficava no quarto, desesperado, produzindo a minha grande obra. A ideia era escrever um romance sobre aquilo que eu chamava de seca psicológica. Em vez de falar sobre retirantes, fome e assaltos, eu me concentraria nos efeitos da seca sobre as pessoas: endurecimento de coração, mesquinharia no relacionamento pessoal, incertezas e questionamentos afetivos, tudo assim em clima de agreste. Com esse romance, eu sem dúvida alguma deixaria longe Graciliano, Jorge, Zé Lins, Rachel. E a literatura brasileira, esplendorosa, renasceria comigo. A ação se passava numa cidadezinha do interior e num lugarejo onde estavam construindo um açude. O personagem principal vivia na cidadezinha e ia todos os dias ao açude, onde trabalhava na supervisão de qualquer coisa. Ele ia, ele vinha. De jipe. Eu descrevia todas as idas e vindas, em detalhes. Procurava variar, é claro. Ele parava num boteco de beira de estrada, numa das idas. Na volta, flertava com a filha da dona da pensão onde almoçava. Às vezes chovia. O jipe enguiçava. Ou brilhava o sol. O romance foi crescendo, não acabava nunca. Eu saí do Crato, fui para Porto Alegre, terminei chegando ao Rio. E o romance, comigo. Chegou a ter mais de mil páginas escritas. O jipe ia e vinha. Vinha e ia. Um pavor. Chegou a um ponto em que nem eu mesmo aguentava mais as tais viagens do personagem. Concluí que não passava de uma porcaria, a minha obra. Que meus sonhos não eram mais do que isso: sonhos, apenas sonhos. E inventei outro, um pouco mais modesto, mas também inviável, nas condições em que eu vivia: ter o meu nome na lista telefônica da cidade do Rio de Janeiro. Seria a glória. Deixei o romance de lado e fui cuidar da minha vida. Tive a sorte de estar morando perto do Cinema Paissandu, onde a juventude se reunia para ver e discutir os filmes de Godard, Fellini, Antonioni, essa gente. Eu lá estava, firme, a encher a cabeça de tanta coisa bonita. Foi, então, que me deu o estalo. Assistindo Alphaville, de Godard, descobri de repente que se um personagem morava no Largo do Machado, por exemplo, e ia se encontrar com um amigo no Leblon, não havia necessidade de descrever essa viagem de ônibus. Bastava encerrar uma cena e começar outra. A descrição, que faria a ligação, era perfeitamente dispensável. Bastava o corte para resolver o assunto. Essa descoberta - ah, que alívio - mudou a minha vida, me tirou dos porres e das prostitutas de Copacabana e me levou de volta à máquina de escrever. Foi assim que cheguei a Solidão em família, meu primeiro romance publicado, que teve a sorte de ser bem aceito pela crítica e pelo público e me estimulou a prosseguir. Depois eu voltei ao romance da seca, que terminou saindo com o título Convite ao desespero. E se alguém tivesse me falado no corte, alguns anos antes? Eu não teria sofrido nem bebido tanto. E teria evitado a tragédia das noites insones de frustração e desesperança.

É para isso que servem, creio, as oficinas de criação literária. Para manter aceso o fogo sagrado da literatura e para ajudar no processo de descoberta de técnicas que estão ali, em todos os textos, bem na cara da gente, e a gente não consegue ver. E tem também o papo, tem a troca de experiências, tem a amizade. É como se a gente estivesse cavando uma trincheira espiritual para, de dentro dela, se defender dos ataques dos que matam os sem-terra, dão trambiques nos bancos, privatizam os lucros gerados pela miséria e ainda acham graça disso tudo.
RODRIGO NOVAES DE ALMEIDA – Uma questão recorrente neste nosso espaço diz respeito à literatura contemporânea e à internet como veículo de apresentação e divulgação de novos escritores. Como o senhor vê essa paisagem atual, com sites, blogues e revistas digitais se espalhando praticamente sem fronteiras (talvez, apenas a da língua), em contraponto aos suplementos literários dos jornais e revistas impressas? De que forma o senhor avalia o papel da "mídia" tradicional em relação a essa nova geração que se criou e se inventou através da internet?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Jornalzinho da escola, histórias em quadrinho, rádio, cinema, televisão, internet. Grandes conquistas. Blogs, revistas eletrônicas, e-mails. Quanto mais gente lendo, escrevendo, falando em livros, tanto melhor. No meio desse povo todo, como sempre, haverá redatores, pensando em grana, sucesso, empreendedorismo, essa porcaria toda, e haverá escritores, empenhando a vida pela conquista do rigor no uso da palavra.
RODRIGO NOVAES DE ALMEIDA – Uma pergunta recorrente aos entrevistados d’O BULE... Quem ou o quê o senhor lê hoje, entre vivos e mortos?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Tanta gente. Dos que andam por aí: Raimundo Carrero, Sílvio Fiorani, Osman Lins, Samuel Rawet, Geraldo Santos, Edla Van Steen, Tatiana Salém, Caio Porfírio Carneiro, Moreira Campos, Marcos Santarrita, Sérgio Sant´Anna, Caio Fernando Abreu, Drummond Amorim E muitos e muitos e muitos outros. Incluindo alguns escritores inéditos, de categoria excepcional: Rodrigo Bahadian e Adriana Riva, por exemplo.


PAULA CAJATY (convidada) – Em Lição da noite o senhor usa a simbologia do xadrez, das peças se misturando continuamente, e do esoterismo contido no número 7. A seu ver, uma boa história pode se tornar mais rica e significativa se trouxer simbolismos e várias camadas de compreensão?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Um romance é o seu próprio texto e tudo aquilo que se disse, se escreveu e se pensou ou não se pensou, nem se disse, sobre ele. É um mar que se amplia a cada leitura e que torna mais significativas as praias nas quais atira as suas ondas.
PAULA CAJATY (convidada) – O senhor teve uma produção constante nas décadas de 60, 70, 80 e 90. Na última década (00-10), porém, só produziu um livro. O senhor acha que já conseguiu transmitir tudo o que precisava? Ou há histórias que ainda precisam ser contadas?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Nenhuma história precisa ser contada. O porteiro do meu prédio deve conhecer histórias maravilhosas que fariam sucesso em qualquer mesa de bar. Literatura não é para contar nada. É para criar mundos novos feitos de palavras. É para deixar Deus morrendo de inveja por não ter criado tantas belezas que foram criadas, por exemplo, por Elias Canetti ou por Faulkner ou por John Cheever. A propósito, parece que aquele rapaz exibicionista chamado Balzac nada publicou desde 1850. Não é preciso ter pena dele por causa disso.
PAULA CAJATY (convidada) – Em um mundo que traz o social para dentro de casa, e considerando as recomendações de Rilke, de que um escritor deve se manter à parte de badalações, o que o senhor sugeriria para a geração Y de escritores?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Aquele papo do Rilke me parece meio tolo. Romantismo bobo. Hemingway, Fitzgerald, Vila-Lobos, pela maneira como viveram parecem confirmar minha opinião.
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MAURO SIQUEIRA – O senhor não é de aparecer em celebrações literárias ou mesmo em noites de autógrafos. Como então avalia algo que está se tornando rotina no cotidiano de divulgação de outros escritores e sua(s) obra(s): os eventos, mesas, rodas e similares em capitais e cidades apelidadas Literatours?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Não sou vendedor de livros, nem técnico em publicidade, nem editor. Creio que todos eles devem estar fazendo o que podem para ganhar dinheiro e publicar o que acham que é bom. Escritor escreve, padre celebra missa, passarinho voa, mulher se apaixona. Além disso, não sei.
MAURO SIQUEIRA – Se pudermos apontar com clareza uma tendência na literatura contemporânea – senão como tendência, mas ao menos como temática recorrente –, seria a autoficção. Por que o senhor acha que é tão valorizada essa preferência? Questões de mercado? Possibilidades mais interessantes de (re)criação?
ESDRAS DO NASCIMENTO - A palavra autoficção é modismo de idiotice ímpar. Igualzinho a pós-moderno, com certeza, discutir relação, interagir, viés — meu Deus, afaste de mim esse cálice. São expressões e jargões que nascem nas tevês e nos túmulos da pós-graduação universitária para alimentar a ciência da embromática.
MAURO SIQUEIRA – Aqueles que lidam com literatura no Brasil dizem que nunca se escreveu, editou, publicou, divulgou tantos livros no país. Por outro lado, estatísticas recentes mostram que possuímos um dos piores índices de leitura do mundo. Sob essa perspectiva, ainda vale mesmo a pena ser escritor? O que podemos fazer para mudar esse quadro?
ESDRAS DO NASCIMENTO - Alguma vez um elefante se perguntou se vale a pena ser elefante? Ele nasceu elefante e pronto. Existe algo mais ridículo do que uma mulher dizendo: eu, enquanto mulher? É baixo o índice de leitura no Brasil? Com relação a quê? Vivendo tão mal, sofrendo de verminose, tifo, males cardíacos, tuberculose, sendo roubado a toda hora, pelos milionários e pelos políticos, recebendo uma miséria pelo seu trabalho, como é que se pode querer que o brasileiro leia mais? Cadê os hospitais? Cadê as escolas? Quando se pensa no que ganha um professor, por exemplo, na hipocrisia de falar em cultura, no lucro dos banqueiros e supermercados, nos desabamentos causados pela ganância e pela incompetência, é cretinice discutir o baixo índice de leitura no Brasil.
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* Esdras do Nascimento dirige a Oficina de Criação Literária sobre Como Ler e Escrever Contos e Romances. Informações: esdrasn@uol.com.br
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