Guido on the dock Photo by Nan Goldin
Por José Aloise Bahia
A notável americana Nan Goldin disse que a photo de Guido não precisa de rephorma ortográphica. O PH - nem básico, neutro ou ácido - equivale ao entendimento de uma determinada reação química que entra pelos olhos, percorre o coração; nas veias, estremece a pele, contamina as células e crava seu destino no cérebro a indisciplina em relação à vigilância da língua. Mistura-se ao panorama intimista da condição humana. Um som e instantâneo de luz no vento e neblina que espalham um puxão de orelha na academia.
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Guido adora as duas letras juntas. E a phrase, já traduzida, ouvida na pharmácia pelos estrangeiros à procura de um phavo de mel amazônico.“A doçura que vem das árvores às margens do Xingu, não será derrubada”. Mas a situação tomava outro rumo, pois o navio oriundo de Belém do Pará estava atrasado duas semanas. O e-mail mais recente dava conta que o despacho marítimo, pasmem, necessitava de uma autorização especial do Petit Trianon no Rio de Janeiro. Após a inphormação do boticário, só restou um veneziano moreno na poltrona pheita pelos irmãos Campana, que aproveitou para ler o Décor da página 41 do híbrido O Sexo vegetal de Sérgio Medeiros. “- a névoa enraíza tentáculos torcidos nos morros e cresce como grande arbusto, sedento de terra”.
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Certas rephormas mais complicam que descomplicam. Na contramão dos phatos, eis que Ottavio, filho de um casal de Treviso, pula de página e encontra no meio do livro uma outra phrase escrita num papel azul turquesa assinada pela sua bella donna, que phaz ponto numa das esquinas da Piazza San Marco. Resolvera ela citar, no original sem o PH, um breve trecho da página 67, uma espécie de conphidência que nunca tinha sido revelada, nem mesmo no divã: “Quando criança me espantei muito com a história de existir um mamão macho e um fêmea”.
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A phace da curiosidade que tomava phorma foi quando o leitor de autores brasileiros, ao mirar bem longe o encontro do Pó com o Adriático, começou a pholhear outro livro, retirado da pasta importada do pantanal mato-grossense. Descobre um novo bilhete em Retornar com os pássaros de Pedro Maciel: “Cada um de nós é uma assombração de si mesmo”. Não estava assinado, mas a letra era a mesma. Graziella revelara uma pherformance bem dipherente, um desejo latente de acordo com a percepção de Ottavio, naquele enlace com mais de oito anos. Nos seus dias de pholga, a cada livro pesquisado na imensa estante em jacarandá-paulista bem próxima de uma sophisticada acrílica sobre tela de Luiz Zerbini, descobre novas mensagens. Em Boca de chafariz (sem PH) de Rui Mourão; Grabriela, cravo e canela de Jorge Amado; e, principalmente, numa antologia de Luiz Vilela, na qual tem o conto Françoise (aqui também, não usaremos o PH). Seis bilhetes com a palavra Lindóia.
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Tudo começou numa exposição de Nan Goldin
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Graziella repete o ritual três vezes por semana. Ottavio, quatro. Adoram Trapani, na Sicília, às margens do Tirreno, quando o inverno chega à região de Veneto. E mel duas vezes ao dia. As passiones, culinária, literatura e photografia são os trajetos vespertinos e matutinos, antes e após os lavorares. Recentemente, leram o livro de Benjamin Moser e phixaram um destino.
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Nem segunda. Nem quarta. Nem sexta. Phoi no domingo. Decidiram o Brasil. Conhecer e photografar o túmulo de Clarice Lispector. Saborear uma pheijoada típica num restaurante popular de Itabuna. Visitar Ouro Preto e nadar em Águas de Lindóia.