12 de out. de 2010

Minissérie 'Dobras' — Dobra 4

 

Por Geraldo Lima
 
Segue a caravana de beduínos há horas. Não sabe como chegou até ali nem como eles o acolheram. Marcham em silêncio, protegendo o rosto contra a fúria das partículas de areia.

As dunas vão surgindo diante deles como uma série interminável de pinturas abstratas. Linhas que se curvam, retorcem-se sob o sol furioso do meio-dia e desfazem-se ao menor sopro do vento.

A sede é medonha, nunca sentiu nada parecido. Teme morrer ali, nessas areias escaldantes, sem rever a garota de penugem dourada. Os camelos, certamente, sobreviverão:nesse ambiente hostil são superiores aos homens.  Sonha com a aparição de um oásis cercado de palmeiras, cujas folhas tremulam ao longe tocadas de leve pela brisa que antecede a tempestade de areia.

A garota de penugem dourada deve estar lá, junto ao oásis, dançando para alegrar os viajantes sedentos. É uma odalisca de piercing no umbigo e batom vermelho realçando uma boca juvenil e tentadora.

Não vê a hora de chegar a esse oásis. 

Mas as dunas se movem ao sabor do vento, e o cenário muda num piscar de olhos.  Ao chegar ao topo de uma duna, vira-se e percebe que está só.  Para seu assombro, um mundo bem diverso daquele que esperava encontrar pulsa frenético diante dos seus olhos. 


>Continua no dia 27/10.
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