Por Emanuel R. Marques
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A renovação
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Quando chegou junto do ornamentado portão que dava acesso ao castelo, o ilustre cavaleiro, que se identificou como pertencente à Real Ordem da Existência, foi de imediato inquirido pelo guardião. Pediu autorização para ser anunciado e falar com o rei, pois ouvira dizer que naquele reino a prosperidade e alegria tomavam conta de todos os habitantes. A fama benevolente daquele monarca era conhecida em todos os reinos a ocidente e a oriente.
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Quando o cavaleiro perguntou se o seu exército também podia entrar, o guardião, que via o solitário cavaleiro sem alguém que o acompanhasse, desconfiado quanto à sanidade mental deste, perguntou-lhe se o seu exército era composto por soldados invisíveis. O cavaleiro, esboçando um subtil sorriso, respondeu:
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- Já confirmei que é este o reino que procuro. Deixarei os meus fantasmas à porta.
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O livro da sabedoria
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Sendo ele o arqueólogo responsável elas escavações, e também devido ao seu interesse pelo misticismo e o oculto, o livro descoberto ficou em sua posse. A sublime encadernação do séc.XIV fora encontrada no interior de uma caixa de ferro minuciosamente selada. A abertura do invólucro foi um momento mágico, pois todos ansiavam pelo desconhecido recheio, e aquilo que encontraram correspondeu às expectativas. Eram quinhentas páginas em latim medieval, mas ele dominava bem aquela língua morta. Quis ser o primeiro a avaliar os textos, pois o aviso introdutório à leitura, na primeira página, logo lhe despertou uma sedenta curiosidade. “Aquele que ler este livro numa sede de ambição, cuidado, pois no final beberá a sabedoria da maldição”.
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Ele não conseguiu resistir a tão enigmático desafio. Palavras sábias, feitiços, conselhos, rituais e invocações, tudo ele seguiu à regra, esperando a dádiva do conhecimento.
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Estava já nas últimas páginas, com o dia a exibir os primeiros raios de luz, e o livro voltou a fazer o mesmo aviso, alertando agora para o perigo da invocação do demónio final. Mas ele não ia hesitar tão perto do fim. Após a noite de leitura ritualista, o mágico livro chegou ao fim. Nada aconteceu.
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A maldição da desilusão abatia-se sobre a ansiedade humana.
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Emanuel R. Marques - É português, formado em Comunicação Audiovisual. Autor do livro de contos Sui Generis-Contos DeMentes e do livro de poesia Madrugadas indefinidas. Tem colaborações em várias revistas e webzines, tanto em Portugal como noutros países. Participa das antologias Novos talentos fantásticos e Poetas em desassossego.
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A renovação
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Quando chegou junto do ornamentado portão que dava acesso ao castelo, o ilustre cavaleiro, que se identificou como pertencente à Real Ordem da Existência, foi de imediato inquirido pelo guardião. Pediu autorização para ser anunciado e falar com o rei, pois ouvira dizer que naquele reino a prosperidade e alegria tomavam conta de todos os habitantes. A fama benevolente daquele monarca era conhecida em todos os reinos a ocidente e a oriente.
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Quando o cavaleiro perguntou se o seu exército também podia entrar, o guardião, que via o solitário cavaleiro sem alguém que o acompanhasse, desconfiado quanto à sanidade mental deste, perguntou-lhe se o seu exército era composto por soldados invisíveis. O cavaleiro, esboçando um subtil sorriso, respondeu:
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- Já confirmei que é este o reino que procuro. Deixarei os meus fantasmas à porta.
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O livro da sabedoria
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Sendo ele o arqueólogo responsável elas escavações, e também devido ao seu interesse pelo misticismo e o oculto, o livro descoberto ficou em sua posse. A sublime encadernação do séc.XIV fora encontrada no interior de uma caixa de ferro minuciosamente selada. A abertura do invólucro foi um momento mágico, pois todos ansiavam pelo desconhecido recheio, e aquilo que encontraram correspondeu às expectativas. Eram quinhentas páginas em latim medieval, mas ele dominava bem aquela língua morta. Quis ser o primeiro a avaliar os textos, pois o aviso introdutório à leitura, na primeira página, logo lhe despertou uma sedenta curiosidade. “Aquele que ler este livro numa sede de ambição, cuidado, pois no final beberá a sabedoria da maldição”.
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Ele não conseguiu resistir a tão enigmático desafio. Palavras sábias, feitiços, conselhos, rituais e invocações, tudo ele seguiu à regra, esperando a dádiva do conhecimento.
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Estava já nas últimas páginas, com o dia a exibir os primeiros raios de luz, e o livro voltou a fazer o mesmo aviso, alertando agora para o perigo da invocação do demónio final. Mas ele não ia hesitar tão perto do fim. Após a noite de leitura ritualista, o mágico livro chegou ao fim. Nada aconteceu.
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A maldição da desilusão abatia-se sobre a ansiedade humana.
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Emanuel R. Marques - É português, formado em Comunicação Audiovisual. Autor do livro de contos Sui Generis-Contos DeMentes e do livro de poesia Madrugadas indefinidas. Tem colaborações em várias revistas e webzines, tanto em Portugal como noutros países. Participa das antologias Novos talentos fantásticos e Poetas em desassossego.