15 de fev. de 2010

Um cheiro

Por Rafaela Godoi Bueno Gimenes

Estava na cama pensando em masturbação e em como eu me masturbava com mais freqüência antes, quando estava na sétima série. Na cama, eu me toquei e me senti úmida. Comecei a fazer aquilo que há muito não experimentava. Comecei a me lembrar de quando me masturbava no sofá da casa da minha vó, na sala, enquanto ela estava na cozinha e eu via Sessão da Tarde. Já me masturbei muito naquele sofá. Fiz sexo uma vez lá; enquanto minha vó tomava banho...

Lembrando de todas as vezes, ou quase todas, que me masturbei e os motivos que me levaram a me masturbar, recordei que normalmente pensava no Bruno. A gente nunca teve nada, nada mesmo, éramos amigos íntimos, aquela coisa de descoberta do corpo do sexo oposto, mas acho que tanto eu quanto ele nunca quisemos ter nenhum tipo de contato além do visual. Pensava no Bruno na puberdade. E me masturbando hoje pensei em como ele predominou meus pensamentos naqueles momentos e em como eu experimentei o gozo tão cedo pensando em alguém que hoje nem sequer sei se está vivo.

Eu sempre gostei de me masturbar da mesma maneira. Controlando tudo. Nunca gostei de brincar por fora. Gostava de sentir, e ainda gosto, meu dedo dentro e minha vagina se apertando nele. Gosto de me aproximar do gozo e de me distanciar quando estiver pertinho dele. Gosto de ficar parada sentindo meu dedo dentro, sentindo meu líquido, sentindo tudo lá dentro. Sempre me masturbei assim. Acelerava até o ponto de gozar e parava. Sempre minhas masturbações demoravam, vinte minutos no mínimo. Deve ser por isso que quase fui pega pelas minhas avós tantas vezes. Não sei se elas notaram na época, mas eu vivia fazendo.

Só uma pessoa me masturbou. Só uma enfiou seu dedo dentro de mim. Eu só me masturbei pra uma pessoa e não foi pra mesma. Acho que masturbação é algo muito pessoal, não gosto de me expor assim pra outra pessoa. É algo meu. Mesmo que me masturbasse pra outra pessoa, pra pessoa que está me vendo, não sei se pensaria nela na hora?!

Não faço sexo há um longo tempo e, quando senti aquela câimbra no pé direito, quando senti minhas pernas tremerem, quando minha respiração ficou mais alta e não consegui controlar os gemidos, eu gozei. Gozei e meu dedo ficou lá dentro, totalmente molhado; minha virilha, meus pelinhos púbicos; dedo enrugado. Mesmo lavando as mãos, o cheiro fica. O cheiro de buceta.
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Rafaela Godoi Bueno Gimenes não sabe fazer sua autobiografia. Ela só sabe que nasceu (4 de julho de 1990, automaticamente canceriana) numa cidade do interior paranaense e que atualmente mora em Londrina. Nunca publicou nenhum livro e nunca ganhou concursos literários, o que lamenta bastante. Caso alguém ainda queira ler algo escrito por ela... www.claustrofobiarafaelica.blogspot.com
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